Por: Luciano Costa
As ações da Eletrobras operavam entre os destaques de alta na bolsa nesta terça-feira, com analistas apontando que o balanço do segundo trimestre divulgado ontem à noite pela elétrica começa a mostrar impactos positivos da privatização da companhia sobre os resultados. Já o mercado em geral recuava, após dados fracos da economia chinesa.
Por volta de 10h26, as ON da Eletrobras subiam 2,01% na B3, a R$36,99, a segunda maior alta do Ibovespa. A empresa reportou ganhos de R$1,6 bilhão de abril a junho, alta de 16% na comparação anual e superando amplamente o TC Consenso, de R$918 milhões, devido principalmente à reversão de provisões por processos relacionados ao chamado Empréstimo Compulsório.
“Foi o melhor trimestre desde a privatização. Esperamos uma reação positiva do mercado, principalmente devido aos fortes ganhos em Empréstimo Compulsório”, escreveram analistas do Santander Corporate & Investment, liderados por Andre Sampaio, que reiteraram recomendação de “compra” para as ações, com preço-alvo de R$59,49.
A companhia registrou impacto positivo de R$1,7 bilhão com reversões de provisões, ante provisões que impactaram negativamente os resultados em R$2,2 bilhões há um ano, devido a acordos em ações sobre o compulsório, uma herança dos tempos de estatal, quando o governo federal criou uma taxa para financiar o setor elétrico e depois prometeu ressarcir consumidores com ações da Eletrobras, gerando disputas judiciais que se arrastam até hoje.
A equipe da Genial Investimentos destacou que o EBITDA recorrente superou os consensos e também as projeções do banco, com a empresa mostrando estar “na direção correta”.
“Seguimos com a recomendação de compra em ELET3. Achamos esse resultado positivo, com números acima das nossas estimativas e do consenso de mercado tanto nos números recorrentes quanto nos números não-recorrentes. Uma vez mais, esse trimestre trouxe notícias positivas para a empresa no que diz respeito ao seu processo de turnaround e melhora de eficiência”, escreveu o analista Vitor Sousa.
A equipe do TC Matrix também destacou “resultados operacionais acima do esperado” e disse que “já são perceptíveis melhorias oriundas da privatização”, destacando o desempenho nos gastos com pessoal, material e serviços, conhecidos pela sigla PMSO.
O analista Arlindo Souza também destacou que as reversões de provisões por compulsório são “um ótimo sinal” e permitem esperar mais renegociações positivas de passivos no futuro. O saldo total de provisões para contingências recuou 7% no trimestre, de R$32,4 bilhões para R$30,2 bilhões.