Resultado do IPCA é positivo, mas alta de Serviços ainda preocupa

O IPCA atingiu o patamar de 4,65% no acumulado de 12 meses até março

Pixabay
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Por Fabricio Julião

O Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) desacelerou a 0,71% em março e foi lido como positivo pelo mercado, mas economistas consultados pela Mover ressaltam a persistência de alta de preços no setor de Serviços, o que pode ser o grande divisor de águas para o Banco Central iniciar o corte dos juros no Brasil.

“Os serviços livres são um belo termômetro de como a taxa de juros influencia a demanda. A gente encontra uma persistência ainda grande para a desaceleração neste segmento”, afirmou o coordenador de preços do FGV Ibre, André Braz.

“A parte deste tipo de serviços ainda persiste e é provavelmente sobre ela que a autoridade monetária ainda tem mais dúvida em relação ao fôlego que o processo de desinflação tem, com o juro no patamar de 13,75% ao ano”, acrescentou Braz.

Segundo o estrategista Macro da XP, Alexandre Maluf, a quebra de expectativas do mercado, que esperava que o IPCA avançasse entre 0,75% e 0,79% em março, foi “animadora”, mas não altera a projeção de início do corte da Selic no terceiro trimestre deste ano. “O IPCA trouxe uma mensagem positiva, mas, apesar das leituras recentes marginalmente animadoras, os núcleos e Serviços ainda operam bem acima da meta de 3,25%”, afirmou Maluf.

O IPCA atingiu em março o patamar de 4,65% nos últimos 12 meses, o menor nível desde janeiro de 2021, quando chegou a 4,55%. Apesar de o resultado estar dentro do teto da meta deste ano, de 4,75%, especialistas acreditam que a inflação deve subir a partir do segundo semestre com a reoneração de tributos, encerrando o ano em torno de 6%.

“Por enquanto, mantemos as projeções de 6,2% para o IPCA de 2023, e de 5,0% para 2024. Essas projeções partem da hipótese de aumento da meta de inflação em 4,5% para 2024, e que o BC buscará a convergência para esse valor apenas em 2025”, acrescentou o estrategista da XP.

Na leitura da Gauss Capital, contudo, o resultado do IPCA de março deve ser definitivo para estancar a elevação de expectativa de inflação. Logo após a divulgação do indicador pelo Instituto Brasileiro de Estatística e Geografia (IBGE), as taxas de juros futuros passaram a cair acentuadamente.

“Esse pode ser um sinal importante do desaquecimento promovido pela taxa de juros. A leitura da inflação em conjunto com a melhor da taxa de câmbio são pontos importantes para a descompressão da curva de juros, principalmente para os vértices mais curtos, para consolidar a expectativa sobre corte de juros na passagem do primeiro para o segundo semestre deste ano”, destacou a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack.