Americanas (AMER3): KPMG diz ter feito alerta sobre modalidade de fraude

CPI retoma os trabalhos nesta terça (1º); acompanhe

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Por Erick Matheus Nery — atualizado às 17h29 de 2/8/23

A antiga gestão da Americanas (AMER3) teria sido informada pela auditoria KPMG sobre os riscos da falta de controle interno das operações de verba de propaganda cooperada (VPC), uma das modalidades de fraude contábil verificada na varejista. Nesta terça (1º), integrantes da empresa multinacional detalharam os alertas sobre o tema que teriam feito à varejista, em 2016 e 2017.

“Estão em nossos relatórios deficiências e necessidades de melhorias de controles internos para transações de VPCs”, destacou Carla Bellangero, sócia de auditoria da KPMG no Brasil, durante participação na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara dos Deputados que investiga a crise na empresa de comércio.

Segundo a auditora, a KPMG informou ao alto escalão da então B2W que era necessário prestar atenção na contabilidade destas verbas.

“Em nossa avaliação de risco, definimos que as contas de VPC incluídas na rubrica de fornecedores apresentavam risco de auditoria significativo em decorrência da relevância dos valores envolvidos, do elevado número de transações, sendo algumas de natureza complexa e de alto grau de funcionamento”, ressaltou Belangero.

Além das explicações, a representante da KPMG acusou o atual CEO da Americanas, Leonardo Coelho Pereira, de repassar informações erradas e foras de contexto durante seu depoimento na CPI. Em junho, Pereira mostrou documentos a CPI nos quais a KPMG aceitava um pedido para mudar o status de alerta de “deficiências significativas” para “merecem atenção”.

Ao longo da audiência, Bellangero reforçou que, segundo o estatuto da varejista, ao enviar um documento “à Administração”, estava incluído tanto a gestão Gutierrez como o Conselho de Administração. Assim, a troca de e-mails apresentada por Pereira não significaria que a KPMG estaria escondendo essas recomendações dos conselheiros da empresa.

Em nota enviada ao FLJ, a varejista disse que os depoimentos das auditorias corroboram as evidências de que a antiga gestão cometeu fraudes na empresa. Confira o posicionamento na íntegra:

Diante das oitivas na CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), nesta quarta-feira (1º), a Americanas entende que os depoimentos das auditorias corroboraram evidências de fraude de gestão cometida pela antiga diretoria da companhia.

As informações prestadas na sessão desta terça demonstram que as auditorias não classificaram deficiências como significativas e que não encontraram distorções relevantes nos números auditados. A empresa reitera as informações e documentos apresentados à CPI em 13 de junho de 2023, com indícios de que ex-executivos fraudaram resultados financeiros e enviaram dados adulterados a bancos e auditorias.

A Companhia reafirma que o relatório apresentado à CPI, preparado pelos advogados da Companhia, que inclui documentos recebidos do Comitê Independente de Investigação, é preliminar e foi entregue às autoridades competentes, que realizam suas próprias investigações.

Confira a transmissão ao vivo:

VPC: Entenda o que é?

Além das operações de risco sacado, uma outra modalidade de fraude da Americanas é o controle de gestão da verba de propaganda cooperada (VPC). Em termos práticos, essas verbas são pagas pelos fornecedores para incentivar a divulgação de algum produto – como um totem anunciando um lançamento no interior do supermercado.