Estruturas de mercado: o que são?

Você sabia que existem algumas estruturas de mercado com características específicas? Entenda mais sobre algumas delas!

Banco interno
Banco interno

Quando falamos em economia, falamos em conexões. Tudo está muito ligado. Modificações na taxa de juros afeta o governo, as pessoas físicas, as empresas e até mesmo a escolha de decisão dos agentes de outros países. No contexto das empresas, a depender das características, há diferentes estruturas de mercado.

Tais estruturas são influenciadas por fatores como:

  1. A quantidade de empresas no mercado;
  2. Qual o tipo de produto, ou seja, se há diferença ou se são homogêneos; e
  3. Se há barreiras ou não para a entrada de novas empresas no mercado.

Diante desse cenário, existem algumas estruturas de mercado com características específicas. Vamos entender um pouco sobre algumas delas neste texto.

Concorrência perfeita: quais as características?

É relativamente comum escutarmos a ideia do mercado de concorrência perfeita. Entretanto, precisamos entender, do ponto de vista teórico, o que caracteriza as estruturas de mercado chamada de concorrência perfeita.

Pois bem, dentre as características que estão:

  1. Mercado composto por um número grande de empresas;
  2. Não há diferenciação no produto;
  3. Barreira de entrada é inexistente;
  4. Informação perfeita.

Já deu para perceber que as características do mercado de concorrência perfeita são difíceis de serem observadas em sua totalidade no mundo real.

Além disso, quando um mercado se aproxima de umas das características, geralmente está distante de outra, mas vale salientar que isso se trata de um modelo teórico, ideal. Na realidade, o mercado que mais se aproxima disso é o mercado de hortifruti.

O mercado de hortifruti

Uma feira livre é um exemplo comum, citado por professores de economia, de um mercado na realidade que se aproxima um pouco do mercado de concorrência perfeita.

Isso ocorre porque em uma feira livre há uma grande quantidade de vendedores. Os produtos, embora possa ter algum grau de diferenciação em termos de qualidade, por exemplo, não é uma diferença tão grande assim. Ou você consegue encontrar com relativa facilidade produtos bons em diferentes vendedores.

A barreira de entrada é baixa e a informação não é perfeita, você consegue fazer uma coleta rápida, haja vista que estão todos os vendedores em um mesmo espaço.

A não existência do lucro extraordinário

Entretanto, o mercado de concorrência perfeita apresenta um outro ponto que pode ser aplicado à realidade da análise de empresas.

Se refere a não existência do lucro extraordinário, que é aquele lucro que a empresa consegue imputar via preço ao consumidor por ter alguma vantagem competitiva.

Vantagem competitiva é algo que todas as empresas buscam para se manter firmes no mercado e isso acaba até mesmo reverberando em mais eficiência de modo geral.

Entretanto, a ideia da não existência do lucro extraordinário no mercado de concorrência perfeita ocorre porque, caso uma empresa de um determinado setor apresente um lucro extraordinário, no curto prazo ela até consegue tal lucro, mas, no longo prazo, isso irá chamar a atenção de outras empresas que vão adentrar ao mercado, gerar mais concorrência e, consequentemente, fazer com que esse lucro extraordinário se aproxime de zero.

Essa ideia pode ser aplicada no momento em que você está avaliando alguma empresa.

Se a empresa que você está em busca de realizar o investimento possui uma vantagem competitiva que faz com que ela consiga um lucro extraordinário, você pode se questionar, então, até quando ela vai conseguir manter esse patamar de lucro em decorrência da vantagem competitiva, haja vista que isso irá chamar a atenção das demais empresas do setor ou até mesmo a entrada de novas empresas e que isso pode impactar no resultado futuro da companhia.

Monopólio

Partindo para a próxima estrutura de mercado, temos o monopólio.

Diferentemente do que ocorre no mercado de concorrência perfeita, no caso do monopólio a empresa possui poder em suas mãos. Essa é a principal característica do monopólio, quando há apenas uma empresa do lado da oferta e diversos consumidores do lado da demanda.Além disso, no monopólio a premissa é que não há bem substitutos a reboque, uma vez que apenas uma empresa fornece produtos. Sendo assim, os consumidores ficam refém do produtor, sendo esse o responsável por ditar o preço do produto.

Do lado dos consumidores, a demanda vai variar de acordo com o preço imputado pelo empresário.

Entretanto, vale destacar também que o empresário não pode imputar o preço máximo, uma vez que, se isso ocorrer, o preço do bem irá pesar muito no orçamento das famílias fazendo com que não haja consumo. Contudo, nessa situação, a empresa consegue ter um lucro extraordinário, pois irá optar por um preço máximo possível a ser aplicado.

A existência do monopólio se respalda na barreira de entrada, que pode existir a partir das seguintes condições:

  • Monopólio puro ou natural: quando o setor exige um volume muito grande de capital para o funcionamento do negócio;
  • Patentes: quando uma empresa consegue desenvolver alguma melhorias ou produto e que consegue explorar isso por um período sem que outras empresas tenham acesso;
  • Controle de matérias-primas básicas: quando a empresa detém em suas mãos a matéria-prima necessária para a fabricação do seu produto; e
  • Monopólio institucional ou estatal: quando o governo por questões estratégicas detém o controle de determinados setores.

Assim como ocorre no mercado de concorrência perfeito, no caso do monopólio não há tantos exemplos na economia real.

Outro ponto que vale destacar é a função do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE) no caso brasileiro, que se trata de uma autarquia federal que tem o objetivo de conservar a livre concorrência.

Por isso, em alguns casos de fusões ou aquisições, tais operações podem ser finalizadas em casos, por exemplo, da empresa ficar com uma parcela muito grande do mercado consumidor em suas mãos.

Oligopólio: quais as características

Seguindo falando sobre as estruturas de mercado, chegamos então ao monopólio. O monopólio é uma estrutura de mercado que se configura pelo número pequeno de empresas que dominam um determinado mercado.

Neste caso, essa estrutura de mercado é mais comum na economia real. Como exemplo, podemos citar o mercado automobilístico e até mesmo o bancário que, embora com a crescente dos bancos digitais, os grandes bancos tradicionais ainda detém uma parcela significativa do mercado.

No campo teórico, no caso do oligopólio, o preço e a quantidade ofertadas dos produtos são fixados entre as empresas, que são os chamados cartéis ou conluios.

No Brasil, mesmo no caso da existência de oligopólios, vale salientar que a prática de cartel é crime, ou seja, isso é ilegal.

Concorrência monopolística

O nome dessa estrutura de mercado é bem sugestivo, pois vem justamente do meio termo entre a concorrência perfeita e o monopólio. A concorrência possui as seguintes características que diferem do oligopólio:

  • Número relativamente grande de empresas no mercado – Tais empresas possuem uma certa concorrência, mas com segmentos de mercados e produtos diferenciados;
  • Além disso, no caso da concorrência monopolística as empresas têm margem de manobra para fixar preço, mas não de forma muito ampla, dada a existência de produtos diferenciados no mercado.

Sendo assim, essa estrutura de mercado é mais observável na economia real. Tal estrutura possibilita que empresas possuam um pequeno poder monopolista de colocar preço por diferenciação do produto, por exemplo, mesmo o mercado sendo competitivo.

Um exemplo que retrata bem essa possibilidade é o que os autores reportam no livro “Fundamentos da Economia”, que foi utilizado como referência para este texto.

No caso dos médicos, há diversos no mercado, mas aqueles que conseguem se destacar de alguma forma, conseguem cobrar um preço maior pelos serviços prestados.

No mais, essas são as principais estruturas de mercado e espero que você possa aplicar alguns conceitos colocados aqui no seu dia a dia, principalmente no processo de análise de ações.

Referência

DE VASCONCELLOS, Marco Antonio Sandoval; GARCIA, Manuel Enriquez. Fundamentos de economia. Saraiva Educação SA, 2014.