Veja os principais destaques políticos que podem impactar os mercados

Haddad demonstra preocupação após comunicado duro do Copom

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Por Stéfanie Rigamonti

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), manteve o tom moderado, mas demonstrou forte preocupação com a economia brasileira após o Comitê de Política Monetária do Banco Central frustrar as expectativas do governo e trazer um comunicado mais pessimista, sem indicar o início do corte de juros, e inclusive indicando que pode haver nova alta.

Ao manter a taxa básica de juros Selic em 13,75%, o Copom citou a incerteza sobre o arcabouço fiscal e seus impactos sobre a trajetória da dívida pública, o que representa um risco inflacionário. Haddad, por sua vez, disse que a manutenção da taxa de juros no patamar atual ou uma nova alta podem comprometer o resultado fiscal deste ano.

A seguir, confira as notícias do mundo político que podem ter algum impacto hoje nos mercados. Para mais informações, siga a cobertura dos principais acontecimentos nos terminais Mover e TC Economatica.

DESTAQUES DO DIA

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), avaliou como “muito preocupante” o comunicado do Copom. Em entrevista a jornalistas em frente à sede da pasta, Haddad disse que, a depender das futuras decisões do Banco Central, o resultado fiscal deste ano pode ficar comprometido, com prejuízos para o ambiente de negócios. “O comunicado deixa em aberto [o ciclo de juros], num momento em que a economia está retraindo e que o crédito está com problema”, disse. “O Copom chega a sinalizar até a possibilidade de uma subida da taxa de juros, que já é hoje a mais alta do mundo”, completou. (Mover)

E o tom do comunicado não surpreendeu apenas o governo. Economistas consultados pela Mover acreditam que o Copom foi mais duro que o esperado e já mostrou estar na contramão das expectativas de corte da Selic em suas próximas reuniões. Esses especialistas ressaltaram que o comitê manteve a posição de que não aceitará interferência do Planalto em suas decisões de política monetária. (Mover)

A equipe econômica do governo federal está enxergando um déficit primário menor do que previsto no início do ano e reviu a projeção de rombo de R$228,1 bilhões para R$107,6 bilhões. A melhora das projeções é fruto de uma perspectiva de maior arrecadação, que passou de R$2.258,6 bilhões para R$2.375,6 bilhões, e uma redução das despesas primárias, de R$2.033,8 bilhões para R$2.023,2 bilhões. (Mover)

Com as novas projeções, divulgadas antes da divulgação da decisão do Copom, Haddad disse que esperava um tom diferente. “As projeções feitas em janeiro sobre as contas públicas estão se confirmando”, afirmou a jornalistas. (Mover)

ECONOMIA

Fontes ouvidas pela Mover afirmaram que Haddad não teve seu plano rechaçado pelo governo – como alguns articulistas chegaram a cogitar – e que a base do projeto deverá ser levada adiante. O arcabouço fiscal do ministro é baseado na busca por uma meta de Dívida Bruta em relação ao Produto Interno Bruto, que será alcançada, segundo o plano, por meio da produção de superávits primários. (Scoop by Mover)

O chefe da Fazenda só não conseguiu convencer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de imediato porque não soube explicar o que aconteceria com gastos com o Bolsa Família, investimentos, educação e saúde em um momento de desaceleração econômica não só no Brasil, mas global. A pergunta que resume o impasse em torno da divulgação da proposta de arcabouço fiscal desenvolvida pela equipe de Haddad é uma só: o Brasil vai começar a ter superávits primários a partir de 2024 ou de 2027? Parece uma questão de prazo apenas, mas ela esconde importantes decisões econômicas e políticas. (Scoop byMover)

O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), disse em entrevista exclusiva que acredita em uma aprovação do novo arcabouço fiscal pelos deputados já em abril, e afirmou que, pelas linhas gerais da proposta, o texto deve passar com tranquilidade pela Casa. Ainda segundo Lira, as novas regras fiscais são prioridade e devem ser discutidas no Congresso antes da reforma tributária, mas disse que a simplificação de impostos no Brasil é um tema muito importante, que deve ser aprovado na Câmara ainda no primeiro semestre. (Valor)

O presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio de Lima Leite, afirmou ontem, logo após reunião com o ministro da Fazenda e representantes de montadoras, que não acredita que haverá demissões em massa no setor em curto prazo. “Cada montadora tem a sua realidade, isso não dá para a gente falar como setor. Atualmente, são quatro empresas que estão administrando a questão da sua produção”, disse. (Mover)

Neste mês, quatro montadoras — Hyundai, Mercedes, GM e Stellanti — anunciaram férias coletivas numa tentativa de reduzir os estoques, e a Volkswagen anunciou interrupção em suas fábricas por falta de peças. (Mover)

A venda direta para frotistas, em especial para as locadoras, tornou-se um importante canal de vendas para automóveis fabricados no Brasil, mas vem caindo nos últimos meses. Esse tipo de negócio representou 56,2% do mercado interno de veículos em novembro, mas caiu para 53,9% em dezembro e, em janeiro, para 43,9%. Essa redução expõe a fragilidade de um varejo muito dependente de financiamento e sensível ao patamar elevado da taxa de juros. (Valor)

POLÍTICA

O presidente do Senado e do Congresso, Rodrigo Pacheco (PSD), defendeu que as Medidas Provisórias assinadas pelo governo Lula devem respeitar o rito tradicional de tramitação do Legislativo, ou seja, passar por comissões mistas do Senado e da Câmara dos Deputados, conforme o previsto na Constituição. A declaração ocorre em meio a um conflito nos bastidores entre ele e o chefe da Câmara, Arthur Lira, sobre este assunto. (Mover)

“As MPs do governo Lula vão respeitar o rito normal”, disse Pacheco ontem a jornalistas. “Esse é o entendimento do Senado, e esperamos que seja dos deputados”, completou. Caso os presidentes da Câmara e do Senado não cheguem a um entendimento, é possível que prevaleça a vontade de Pacheco e as comissões mistas sejam restituídas, segundo disse o líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (Rede), à Mover. “É possível, porque isso é uma atribuição do presidente do Congresso Nacional”, afirmou. (Mover)

Sem uma solução para o assunto, as MPs assinadas pelo governo de Lula correm risco de caducar sem que o Congresso tenha analisado as medidas. Pacheco disse, contudo, que até o fim de semana os líderes das duas casas legislativas vão chegar a uma solução. “Estamos com tempo ainda”, afirmou. “Após um entendimento, no dia seguinte daremos andamento às MPs do atual governo”, garantiu. (Mover)

ESTATAIS

O conselho da Petrobras reconduziu Jean Paul Prates para a presidência da companhia até abril de 2025 e aprovou a nova composição da diretoria executiva. Sergio Caetano Leite, profissional com 15 anos de experiência no setor de petróleo, foi aprovado diretor financeiro e de Relações com Investidores. Joelson Mendes será diretor de Exploração e Produção, e Claudio Schlosser será diretor de Comercialização e Logística, área responsável pela precificação de combustíveis. Ambos são funcionários de carreira da Petrobras. (Mover)

Em entrevista à jornalista Miriam Leitão, Prates disse ontem que a estatal buscará praticar preços mais baixos nos combustíveis para ganhar participação no mercado. Ele também afirmou que a empresa não fará importações com margem negativa para atender à demanda nacional, a não ser dentro de um programa do governo. Prates disse ainda que não há, a princípio, plano de investir em novas refinarias, mas sim de avaliar “upgrades” em unidades existentes. (GloboNews)

A Petrobras anunciou ontem um corte nos preços de diesel para distribuidoras de combustíveis, de R$0,18 por litro, vigente a partir desta quinta-feira. A petroleira reduziu o preço do diesel tipo A de R$4,02 para R$3,84 por litro, uma diminuição de cerca de 4,5%. (Mover)

AGENDA

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reúne com o ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, às 09h30.

Haddad também tem encontro marcado com o presidente do Conselho Administrativo Recursos Fiscais (Carf), Carlos Higino, às 10h30.

O presidente Lula visitará o Complexo Naval de Itaguaí, no Rio de Janeiro, às 11h00.

Lula fará visita guiada às obras de reconstrução do Museu Nacional, às 15h30.

Presidente também participará do ato “Pelo Direito à Cultura: Novo Decreto do Fomento”, às 18h00.