Por: Stéfanie Rigamonti
O secretário do Tesouro Nacional, Rogério Ceron, anuncia nesta quinta-feira dois novos pacotes de medidas para facilitar o acesso ao crédito e reduzir os juros nesse mercado e para fomentar Parcerias Público-Privadas (PPPs) e concessões no âmbito estadual e municipal, que somam mais de R$100 bilhões. Em entrevista ontem à GloboNews, Ceron disse que o pacote de PPPs inclui um programa de debêntures incentivadas, que trará como contrapartida um incentivo tributário.
Enquanto isso, o novo arcabouço fiscal segue sem relator, apesar da promessa feita pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP), de que o nome seria escolhido ontem. O deputado Cláudio Cajado, que é do mesmo partido de Lira, deve ser confirmado como relator do Projeto de Lei Complementar (PLP) do marco fiscal na Câmara e deverá endurecer o texto original da nova regra, disseram à Mover fontes a par do assunto.
DESTAQUES DO DIA
Duas fontes afirmaram à Mover, sob a condição de anonimato, que o relator do arcabouço fiscal escolhido por Lira deverá alterar as novas regras fiscais em seu parecer, mas em menor medida do que seu concorrente à vaga, o deputado Fernando Monteiro (PP), que vinha prometendo a colegas mudanças ainda maiores do projeto encabeçado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT). Ainda assim, a relatoria com Cajado não deve ser fácil para o governo. “A relatoria com Cajado vai ser difícil. O texto veio meio frouxo, não pode deixar tão leve. O limite de gastos em 70% da receita é muito alto, tem que cair para 50%”, avaliou uma das fontes. (Mover)
O governo, por sua vez, analisa como fazer ajustes no texto do marco fiscal enviado ao Congresso, inclusive ampliando a lista de itens que ficarão fora da regra do teto de gastos, atualmente composta por 13 exceções. Estuda-se também flexibilizar o uso da inflação nos cálculos de despesas e deixar mais claro o mecanismo de redução do limite de gastos em caso de descumprimento da meta de resultado primário. (Folha)
Há três pontos que preocupam os parlamentares em relação ao projeto de novo marco fiscal. Um deles é o fato de as regras atingirem não só o Executivo como também o Legislativo e o Judiciário. Outros dois pontos questionados é a busca pelo fim das isenções fiscais e o fato de o descumprimento da meta de primário não ser mais considerado uma infração. Um líder partidário disse que, sem uma base firme do governo, o texto como está não deve ser aprovado no prazo dado por Lira, de até três semanas. (O Globo)
ECONOMIA
O pacote de crédito que será anunciado hoje prevê mecanismos para proteger investidores minoritários que tiveram perdas por atos ilícitos de controladores e administradores de empresas. Outra medida adiantada pelo Ministério da Fazenda a jornais impressos é a permissão para que recursos aplicados em fundos de previdência complementar possam ser usados como garantias de empréstimos junto aos bancos. Além disso, o governo também irá mudar a legislação para abrir caminhos para a criação do real digital. (Estado)
A Fazenda ainda vai propor aumentar de R$303 para R$600 o valor do mínimo existencial, ou seja, parte da renda mensal de superendividados que fica protegida dos bancos. Cerca de 9 milhões de brasileiros devem ser atingidos pela nova medida, o que deve crescer o saldo sujeito a renegociação em R$30 bilhões, segundo estimativas preliminares. (Folha)
O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), disse ontem à CNN Brasil que há total condição de o Brasil alcançar autossuficiência no refino da gasolina e, no médio prazo, atingir a autossuficiência também no diesel. O ministro voltou a falar da importância de a Petrobras não depender das decisões da Organização dos Países Exportadores de Petróleo, a Opep, e dos preços internacionais. Silveira destacou que a estatal precisa continuar entregando lucro, mas reforçou o papel social da companhia. (Mover)
Um dispositivo do Projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias enviada no último dia 14 ao Congresso torna obrigatório em 2024 o pagamento de contribuições do Brasil a organismos internacionais. A medida acontece em um momento no qual o governo busca regularizar as dívidas herdadas de administrações passadas com entidades como a Organização Mundial do Comércio (OMC) e a Organização Mundial da Saúde (OMS). Atualmente, essas despesas são consideradas discricionárias, ou seja, seu pagamento fica a critério do governo, a depender da disponibilidade de recursos. (Folha)
POLÍTICA
O ministro do Gabinete de Segurança Institucional, general Marco Gonçalves Dias, pediu demissão do cargo ontem, após vazarem imagens que mostraram que ele estava presente no Palácio do Planalto no dia 8 de janeiro, quando ocorreram as invasões à Praça dos Três Poderes em Brasília. As imagens foram divulgadas pela CNN Brasil. Dias disse que estava no prédio “para retirar manifestantes” do andar onde fica o gabinete da Presidência. A demissão saiu no Diário Oficial da União nesta manhã. (Mover)
O vídeo vazado fez com que a base do governo no Congresso voltasse atrás e defendesse a instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPMI) para investigar as invasões do dia 8 de janeiro. Mas o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) avalia que a comissão tem potencial de atrapalhar votações fundamentais no Legislativo. Nesse cenário, o governo está convencido que terá que abrir uma nova rodada de distribuição de cargos e emendas ao Centrão para poder fortalecer sua base e conseguir celeridade em matérias importantes. (Estado)
O corregedor do Conselho Nacional de Justiça, ministro Luis Felipe Salomão, determinou a suspensão do pagamento do Adicional por Tempo de Serviço que custaria até R$ 1 bilhão aos cofres públicos. A regalia havia sido extinta em 2006, mas foi reativada pelo Conselho da Justiça Federal no fim do ano passado. (Estado)
AGENDA
O secretário do Tesouro, Rogério Ceron, anunciará pacotes de medidas estruturais de crédito e de garantia para Parcerias Público-Privadas de entes subnacionais, às 09h00.
O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, participará da cúpula virtual do Fórum das Grandes Economias sobre Energia e Clima, às 09h30.
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, se reunirá com o presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), Josué Gomes da Silva, às 10h00.
O presidente da República participará da cerimônia para liberação de recursos às entidades filantrópicas de saúde, às 11h00.
Os ministros da Fazenda, Fernando Haddad, e do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, estarão na reunião do Conselho Monetário Nacional às 15h00.
O ministro Fernando Haddad se reunirá com integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) em São Paulo, às 17h30.