Por Stéfanie Rigamonti
Havia fortes expectativas de que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) bateria o martelo sobre o novo arcabouço fiscal na sexta-feira, mesmo que aquele tivesse sido apenas seu primeiro contato com a proposta para as novas regras fiscais do país, mas a apresentação foi adiada. Nos bastidores há pressão por parte da ala política por expansão de gastos, algo que o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), tenta conter.
A ideia da equipe econômica seria divulgar o conjunto de regras que substituirão o Teto de Gastos antes da reunião de juros do Comitê de Política Monetária do Banco Central, que acontece nesta semana. Com isso, as expectativas eram de que a autoridade monetária pudesse ao menos sinalizar um corte da taxa básica de juros. Roberto Campos Neto, presidente do BC, até teve acesso ao texto do arcabouço, mas sem a chancela de Lula qualquer reação do Copom fica mais difícil – afinal, o texto agora será escrutinado pela ala política e provavelmente mudará – e economistas esperam redução de juros apenas no segundo semestre.
A seguir, confira as notícias do mundo político que podem ter algum impacto hoje nos mercados. Para mais informações, siga a cobertura dos principais acontecimentos nos terminais Mover e TC Economatica.
DESTAQUES DO DIA
Após uma longa reunião na sexta-feira de ministros da equipe econômica do governo com o presidente Lula sobre o novo arcabouço fiscal, a apresentação das novas regras foi adiada. Segundo agências, a ala política do PT pressiona por mais gastos, enquanto técnicos do governo correm contra o tempo para que ao menos o BC faça sinalizações no comunicado da decisão de juros desta semana sobre o início do corte de juros no Brasil. O texto, tal qual foi apresentado a Lula, deverá sofrer mudanças. (Mover)
Durante a reunião, Lula teria pedido que Haddad amplie as conversas no ambiente político e com economistas sobre as novas regras fiscais, e recomendou que o Tesouro faça cálculos sobre o impacto de cada um dos pontos da proposta. O presidente também teria pedido mais detalhes e simulações de cenários de um Brasil restringido pelo possível arcabouço. (Folha)
No fim de semana, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, disse em uma publicação no Twitter que, se for verdade que a economia crescerá menos, conforme a própria projeção do Ministério da Fazenda, é preciso que o governo aumente os investimentos públicos e que não represe nenhuma aplicação social. “Em momentos assim, a política fiscal tem de ser contracíclica, expansionista”, escreveu na rede social. (Mover)
ECONOMIA
O Ministério da Fazenda reduziu a expectativa para o Produto Interno Bruto brasileiro deste ano, de 2,10% para 1,61%, como reflexo da desaceleração da indústria e do setor de Serviços, e elevou a projeção para a inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo, de 4,60% para 5,31%, segundo o Boletim MarcoFiscal de março, publicado na sexta-feira. Projeções de economistas consultados pelo BC e compiladas no boletim Focus preveem um crescimento econômico de 0,88% neste ano e inflação a 5,95%. (Mover)
Após a divulgação dos dados, em coletiva de imprensa, o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, disse que a pasta aguarda um afrouxamento da política monetária o mais rápido possível e que, quanto antes o Banco Central sinalizar o início do corte da taxa de juros, mais cedo a economia e o mercado de crédito irão melhorar. (Mover)
Mesmo com a instabilidade gerada pela crise da Americanas, no Brasil, e do Silicon Valley Bank e Credit Suisse, no exterior, o mercado mantém a expectativa de que o ciclo de cortes na Selic comece apenas no segundo semestre. Sondagem feita pela Mover junto a 20 economistas mostrou que a maioria espera que o primeiro corte da taxa Selic aconteça apenas em novembro de 2023. (Mover)
Fábricas da GM, Hyundai e Stellantis no Brasil interromperam suas produções a partir de hoje devido à queda nas vendas de alguns modelos de carros e deram férias coletivas para os funcionários. (Estado)
Após a decisão do ministro Ricardo Lewandowski, do Supremo Tribunal Federal, de suspender a necessidade de quarentena para indicação de políticos ao conselho de administração de estatais, o processo de avaliação de novos nomes indicados para o conselho da Petrobras sofreu um revés. Em comunicado, a petroleira informou que, “em decorrência da insegurança jurídica acrescentada ao processo, solicitou ao jurídico da companhia que se manifestasse sobre os eventuais impactos prospectivos da decisão”. (Estado)
AGENDA
O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, participa da abertura do Seminário Estratégias de Desenvolvimento Sustentável para o Século XXI, promovido pelo BNDES, às 9h00.
O presidente Lula e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, participam do lançamento do Programa “Mais Saúde para o Brasil”, às 11h00.
Haddad e os outros ministros da Junta Orçamentária, Geraldo Alckmin (Desenvolvimento), Simone Tebet (Planejamento) e Esther Dweck (Gestão), possuem reunião pré-agendada, mas ainda sem horário definido.