Por Reuters
A ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, disse em entrevista à GloboNews que foi ao ar na noite de quarta-feira que uma troca neste momento no comando do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) seria um “desrespeito” com o atual ocupante do cargo e que uma eventual recondução de Augusto Aras à Procuradoria-Geral da República (PGR) seria “um desastre”.
A entrevista foi gravada horas antes de o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta, confirmar que o economista Marcio Pochmann, atual presidente do Instituto Lula e ex-presidente do Instituto de Pesquisas Econômica Aplicada (Ipea) e da Fundação Perseu Abramo, vinculada ao PT, será nomeado para dirigir o IBGE.
Tebet argumentou que o atual presidente interino do IBGE, Cimar Azevedo, ainda precisa concluir um ciclo à frente do instituto ao anunciar outros dados do Censo realizado no ano passado. Segundo ela, ainda não havia tratado com Lula sobre o assunto quando da realização da entrevista.
“Não conversei com o presidente da República sobre este assunto. Eu estive com o presidente nesta semana e terei ainda um dever a cumprir, porque ele me deu uma missão e quer saber de algumas informações provavelmente até o final da semana que vem”, disse.
“Nós não estamos tratando de IBGE. Até porque seria um desrespeito com um presidente que está hoje lá e que tem um ciclo que não se encerrou.”
A ministra, que comanda a pasta à qual o IBGE é vinculado, chamou de “ruídos” as informações sobre a escolha de Pochmann e, indagada sobre qual sua avaliação sobre o economista, disse não conhecê-lo, pois quando ele estava no governo ela ainda não havia assumido uma cadeira no Senado em Brasília.
“Eu não o conheço, então eu não posso dizer”, afirmou.
Segundo reportagem do jornal O Globo de quarta-feira, Lula disse a Tebet que a indicação de Pochmann era uma escolha pessoal dele. Ao anunciar Pochmann na quarta, Pimenta disse que ainda não há data para a nomeação ser publicada no Diário Oficial da União.
Na entrevista à jornalista Miriam Leitão, Tebet também foi perguntada sobre sua avaliação a respeito de informações de que pessoas do PT estariam defendendo que Lula indicasse Aras para um novo mandato à frente da PGR. A ministra classificou a movimentação de “decepcionante”.
“E se isso efetivamente acontecer, a meu ver, seria um desastre e eu ficaria extremamente decepcionada”, disse.
Aras foi criticado por não dar andamento a investigações contra o ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados dele após as apurações da CPI da Covid, na qual Tebet teve papel de destaque enquanto senadora.
Recentemente, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), disse que a indicação à PGR é uma escolha pessoal do presidente, mas que é preciso reconhecer, em sua visão, o trabalho de Aras no que chamou de uma “normalização” após o que afirmou ter sido “um período bastante complicado e duro de uso do ativismo judicial para caçar pessoas e reputações”.
Cabe ao Senado sabatinar o indicado de Lula à PGR e aprovar o nome em plenário. O atual mandato de Aras, indicado duas vezes por Bolsonaro ao posto, termina em setembro deste ano.