São Paulo, 18/07/2025 – Embora a ameaça do presidente americano Donald Trump de colocar tarifas de 50% sobre o Brasil tenha ajudado o governo Lula a recuperar parte da popularidade perdida, a melhora nos índices pode ser ameaçada se as taxas realmente forem aplicadas, avaliou o chefe da consultoria política Arko Advice, Murillo de Aragão.
“A consequência econômica das tarifas pode ser séria, e Lula seria considerado o culpado. O atual aumento de popularidade pode ser muito efêmero… poderia erodir o renascimento da popularidade de Lula”, apontou o JP Morgan, em relatório após conversas com a Arko.
O chefe da consultoria ainda avalia que o governo brasileiro parece “completamente despreparado” para negociações tarifárias com os EUA, devido à falta de diálogo recente com os americanos, e por posições recentes do Brasil contra Israel e os ataques dos EUA ao Irã.
O cenário base ainda é de que o Brasil conseguirá negociar uma redução das tarifas, mas não pode se descartar uma escalada de tensões, disse Aragão, da Arko. Para ele, um acirramento da disputa poderia levar os EUA a suspenderem a emissão de vistos para brasileiros, por exemplo.
Na visão de Aragão, no entanto, Lula deve continuar sendo um candidato competitivo para 2026, inclusive porque a própria base de Bolsonaro admite que a disputa tarifária com os EUA “prejudicou sua imagem e prestígio”.
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Para a Arko, com Bolsonaro inelegível e Eduardo Bolsonaro praticamente descartado como candidato em meio à guerra tarifária, Michelle Bolsonaro “poderia ser uma candidata competitiva”, enquanto Tarcísio de Freitas parece buscar ser um “candidato de consenso”.
Aragão avalia, no entanto, que Tarcísio “se posicionou mal” no evento das tarifas, uma vez que precisa equilibrar seu apoio a Bolsonaro com os interesses de São Paulo, onde é governador, dada a importância do comércio com os EUA para a economia local.
“O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, e o governador do Paraná, Ratinho, foram melhores nessa”, avaliou Aragão, de acordo com o relatório do JP Morgan.
“As eleições de 2026 provavelmente serão muito apertadas, como foi o caso em 2022”, finalizou Aragão, da Arko, ao comentar os impactos do embate entre Brasil e EUA sobre o pleito eleitoral.
(LC | Edição: Luca Boni | Comentários: equipemover@tc.com.br)
