Por Fabricio Julião
O presidente da Bolívia, Luis Arce, afirmou que o país não tem mais capacidade de produzir gás no momento e que as reservas chegaram ao limite. A imprensa local destaca que pode haver suspensão dos acordos de exportações para Brasil e Argentina.
“Há um declínio na produção desde 2014 mais ou menos, um declínio que lamentavelmente foi caindo até tocar o fundo. Fomos perdendo muitas reservas de gás esse tempo todo, não as repusemos e, portanto, o país não tem capacidade de produzir mais. Para produzir mais, tem que ter capacidade, tem que identificar o poço, tem que saber onde há gás para extraí-lo”, disse o presidente.
As declarações de Arce foram feitas na sexta-feira (1º), em evento em Oruro, uma das cidades mais populosas do país. Após comunicar preocupações com a produção de gás, o presidente disse que o governo está trabalhando para reestabelecer as reservas.
A imprensa da Bolívia salientou que o governo estuda passar a importar o produto a partir de 2029, enquanto buscam soluções para o cumprimento dos contratos de vendas para os países vizinhos.
Segundo informações do veículo boliviano El Diario, a Argentina pretende que o país cumpra o contrato de exportação até 2026 pelo menos até o próximo ano. O jornal local afirmou que o presidente da estatal Energía Argentina SA (Enarsa), Agustín Gerez disse estar buscando que as obrigações de entrega de gás sejam realizadas até junho do próximo ano, “que entendemos ser o período de tempo necessário para a execução do trabalho de reversão”.
Caso a Argentina decida por interromper o acordo até meados de 2024, a Bolívia perderia cerca de US$1 bilhão, de acordo com o jornal local.
No caso do Brasil, as notícias ressaltam que o país também aguarda o cumprimento dos acordos com a Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB), petroleira estatal boliviana responsável pela exploração e venda de gás no país.
Segundo dados do Atlas of Economic Complexity, de Harvard, mais de 89% das importações brasileiras da Bolívia em 2021 foram provenientes de gás, o que totalizou cerca de US$1,25 bilhão. Em relação ao total das importações de gás para o Brasil, aproximadamente 24% vem da Bolívia, que é o segundo maior exportador do produto para cá, atrás apenas dos Estados Unidos.