Por Bruno Andrade
A Polícia Federal encontrou dinheiro vivo na casa do ex-assessor do presidente da Câmara dos deputados, Arthur Lira (PP-AL). O alvo, Luciano Calvacante, é acusado de fazer parte de um grupo criminoso que, além de lavar dinheiro, fraudava licitações de kits de robótica e lavagem de dinheiro.
Cavalcante é funcionário da Câmara e foi nomeado para a liderança do PP na época que o cargo de líder era ocupado por Lira.
Presidente da Câmara, Lira disse que não se sente atingido pela operação. “Eu não tenho absolutamente nada a ver com o que está acontecendo e não me sinto atingido”, declarou.
A operação da PF acontece um dia após forte disputa entre Lula e Lira.
O deputado tem pressionado o governo em busca de espaço para seu partido na composição ministerial, utilizando-se dos últimos momentos de validade da medida provisória da reestruturação do Executivo.
Na entrevista concedida para a GloboNews, Lira disse que o governo precisa se aproximar dos chamados partidos de centro para reforçar sua base. O presidente da Câmara lembrou que Lula deu Ministérios a alguns partidos como forma de ter o apoio no Congresso e que isso pode ser feito com outras siglas, mas voltou a negar que tenha feito pedidos específicos –segundo uma fonte do Planalto, ele estaria buscando espaço nos ministérios para seu próprio partido, o PP, e o Republicanos.
“Eu sempre defendo os partidos de centro, porque ai do Brasil se eles não existissem, né, sempre dão equilíbrio entre a radicalização de um lado, a radicalização de outro”, afirmou.
“Eu torço para que o governo acerte, espero um posicionamento do presidente Lula para que ele, pessoalmente, dê esse ‘start’, parta dele a formação dessa base”, disse Lira.
Lira aponta “insatisfação generalizada”
Ontem, o presidente da Câmara criticou abertamente a articulação do governo e externou uma “insatisfação generalizada” de deputados com o Executivo.
Ele chegou a colocar em dúvida a votação da medida no plenário e eximiu a Câmara de responsabilidade por qualquer resultado desfavorável ao governo.
O presidente da Câmara negou que tenha feito qualquer pedido nesse sentido ao governo.
“Tem um site aqui de Brasília que noticiou que o deputado Arthur pediu o Ministério da Saúde, os ministérios do União (Brasil). Isso é uma inverdade”, disse.
“Não há achaque, não há pedidos.”
O União Brasil comanda, atualmente, três ministérios. Mesmo assim, entregou menos votos do que o PP e o Republicanos na votação de pedido de urgência para o projeto do novo arcabouço fiscal na Câmara.
Lira lidera grande parte dos deputados e tem demonstrado sua força política em reveses recentes para o governo na Casa, seja pela aprovação na véspera de projeto que estabelece um marco temporal para a demarcação de terras indígenas, seja por deixar a votação da MP dos ministérios para os últimos instantes possíveis antes que se encerre o prazo de 120 dias de vigência da medida.
(Com informações da agência Reuters)