Veja os principais destaques políticos que podem impactar os mercados

Com viagem à China cancelada, governo pode antecipar entrega do novo arcabouço fiscal

Unsplash
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Por: Stéfanie Rigamonti

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) decidiu adiar sua ida à China, sem data ainda prevista para a viagem, devido ao diagnóstico de broncopneumonia bacteriana e Influenza A. Com isso, a entrega do novo arcabouço fiscal pode ser antecipada, já que a expectativa é de que ele o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), fiquem no Brasil a semana toda.

Nesse contexto, vale monitorar as declarações a serem feitas hoje pelo secretário-executivo da Fazenda, Gabriel Galípolo, que participa, às 9 horas, do Arko Conference 2023, em São Paulo. Galípolo ganhou especial destaque neste momento, ao ser apontado como o principal articulador da escolha do nome a substituir Bruno Serra na cadeira de diretor de Política Monetária do Banco Central.

Já no Congresso as notícias não são nada positivas. Os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), ainda não entraram em um entendimento em relação à tramitação das Medidas Provisórias no Congresso, estendendo esse imbróglio para mais uma semana. Segundo o Estado de S.Paulo, Lira se reuniu com Lula na sexta-feira e avisou que, se as comissões mistas voltarem e a Câmara perder o poder que tem tido na tramitação de MPs, ele vai promover um “apagão” no governo, garantindo que os deputados não analisem as Medidas Provisórias da gestão de Lula.

A seguir, confira as notícias do mundo político que podem ter algum impacto nos mercados. Para mais informações, siga a cobertura dos principais acontecimentos nos terminais Mover e TC Economatica.

DESTAQUES DO DIA

O presidente Lula decidiu no sábado, por recomendação médica, adiar novamente sua viagem à China, desta vez sem data prevista para a visita ao país asiático. Com isso, o ministro Fernando Haddad também cancelou sua ida. A comitiva de empresários que iriam, contudo, mantiveram a viagem, ao lado do ministro da Agricultura, Carlos Fávaro (PSD), que está no país desde a semana passada. (Mover)

A agenda de Lula e Haddad por enquanto não possuem compromissos oficiais, mas a expectativa é de que o governo consiga adiantar a entrega do novo arcabouço fiscal sem a viagem à China. A proposta já está finalizada, segundo o ministro da Fazenda, e seria apresentada na semana passada, mas Lula pediu que Haddad se reunisse com políticos e economistas de fora do mercado financeiro para acertar detalhes que são importantes para a manutenção do compromisso social firmado pelo presidente da República. (Mover)

Na sexta-feira, apesar da recomendação médica para que Lula repousasse, o presidente realizou reunião com ministros e líderes do Congresso, e se encontrou com Arthur Lira, em um compromisso fora da agenda, conforme tinha sido anunciado pelo ministro da Secretaria de Comunicação, Paulo Pimenta (PT), no fim da tarde. (Mover)

Lira colocou o presidente na parede dizendo que, se não prevalecer sua vontade em relação ao rito de tramitação das MPs, promoverá um “apagão” no governo, garantindo que os deputados não votarão matérias essenciais, como aquela que amplia o número de ministérios, a que prevê o pagamento do Bolsa Família de R$600 ou a que diz respeito ao programa Minha Casa, Minha Vida. Essas medidas foram assinadas pelo governo no primeiro dia da atual gestão e tem validade por 120 dias, tendo que ser analisada pelo Congresso antes disso, senão perde a validade. (Estado)

Pelo rito tradicional e como previsto na Constituição, as MPs precisam passar pelas comissões mistas, o que confere peso igual ao Senado e à Camara na análise das medidas. No período agudo da pandemia, contudo, as comissões mistas deixaram de existir para dar celeridade na tramitação de medidas emergenciais, mas isso trouxe mais poder à Câmara, já que é por lá que passam primeiro as MPs agora, algo que Lira não quer perder. Na sexta-feira, Pacheco assinou sozinho medida pela reinstalação das comissões mistas e Lira reagiu indo para o tudo ou nada. (Estado)

ECONOMIA

O ministro Carlos Fávaro já possui acordos fechados entre Brasil e China, mas decidiu adiar a assinatura, que estava prevista para amanhã, até o presidente Lula viajar ao país asiático. Entre as negociações estão acordos para o agronegócio, além da cooperação e intercâmbio de tecnologias de semicondutores, internet 5G e 6G, inteligência artificial e células fotovoltaicas, para geração de energia solar. (Folha)

Nesse cenário, a data de remarcação da ida de Lula à China é muito importante como indicador do interesse tanto do Brasil na pauta chinesa quanto do governo chinês em relação à gestão de Lula, já que a marcação da data depende dos dois países. Segundo uma fonte diplomática brasileira, por enquanto, não há dúvida sobre o interesse de Xi Jinping no Brasil. (O Globo)

A nova versão do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e a busca de investimentos na indústria naval e no trem-bala, por exemplo, voltaram ao centro de discussão da gestão atual. Mas essa questão é vista com receio por especialistas em infraestrutura e economistas, já que esses assuntos estiveram envolvidos com escândalos de corrupção no passado, fora os projetos que não foram concluídos ou que foram mal estruturados durante as gestões petistas anteriores. (Estado)

O novo Bolsa Família deve reduzir de 12,47 milhões para 9,46 milhões, apenas neste ano, o contigente de pessoas na extrema pobreza, segundo estimativa do economista Daniel Duque, da Fundação Getulio Vargas. Além disso, segundo o economistas Rodolfo Margato, da XP, o programa social deve ter forte influência sobre o consumo, impulsionado crescimento da economia brasileira em 1% em 2023. (O Globo)

A Comissão de Assuntos Econômicos do Senado deve realizar a primeira audiência sobre o caso Americanas nessa terça-feira, com as participações do atual diretor-presidente da companhia, Leonardo Coelho Pereira, e do ex-presidente Sérgio Rial, além do presidente da Comissão de Valores Mobiliários, João Pedro Nascimento. (Agências)

POLÍTICA

O PSDB, que já é federado ao Cidadania, busca agora acelerar uma federação com o Podemos ainda no primeiro semestre deste ano, para evitar perder filiados e, assim, sobreviver às eleições municipais de 2024. Isso porque prefeitos da sigla têm sido cortejados por outros partidos, como o PL e o Republicanos, em estados que são reduto peessedebista, como São Paulo. (Estado)

AGENDA

Os ministros do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet (MDB), de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD), das Relações Institucionais, Alexandre Padilha (PT), de Portos e Aeroportos, Márcio França (PSB), dos Transportes, Renan Filho (MDB) e da Defesa, José Múcio (PTB), estarão presentes hoje no evento Arko Conference, que começa às 8h30.

Também estarão presentes na Arko Conference o secretário-executivo da Fazenda, Gabriel Galípolo, o presidente do Tribunal de Contas da União, Bruno Dantas, o coordenador do Grupo de Trabalho da reforma tributária na Câmara, deputado Reginaldo Lopes (PT), e o relator da reforma tributária na Câmara, o deputado Aguinaldo Ribeiro (PP).