Por Beatriz Lauerti
O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes chamou o plano golpista que envolve o ex-deputado Daniel Silveira e o ex-presidente Jair Bolsonaro de “operação tabajara” durante primeiro pronunciamento sobre o caso, em uma palestra na Brazil Conference, do Lide, em Lisboa.
Moraes confirmou ter sido procurado pelo senador Marcos do Val, parlamentar que denunciou o plano golpista envolvendo Silveira e Bolsonaro.
O ministro pontuou que o senador, ao ser perguntado, disse que não confirmaria o depoimento formalmente.
Ainda, disse que a ideia do ex-deputado, que sugeriu gravar alguma fala de Moraes que pudesse ser comprometedora para incriminá-lo, tinha como finalidade tirar o ministro de cena para que, assim, ele deixasse de conduzir investigações que envolvem Silveira e Bolsonaro.
“Foi exatamente essa a tentativa de uma operação tabajara, que mostra o quão ridículo nós chegamos na tentativa de um golpe no Brasil”, disse o ministro.
Marcos do Val deu várias versões diferentes sobre o caso, após postar em sua rede social na última quinta-feira que avaliava se afastar da política. O parlamentar afirmou estar “de cabeça quente” e negou que tenha sido coagido por Silveira.
O senador, em uma de suas declarações, ao falar sobre a reunião com Silveira e Bolsonaro, disse que o ex-deputado fez sugestões para tentar incriminar Moraes por “interferir no processo eleitoral”, de acordo com informações fornecidas por do Val à revista Veja, para que, dessa forma, o ministro fosse preso e a posse de Lula, evitada.
O ministro do STF solicitou que a Polícia Federal ouvisse o senador no âmbito do inquérito que investiga Bolsonaro e os ataques à capital nacional em 8 de janeiro, após a explosão do caso do plano golpista.
No depoimento, colhido na última quinta, do Val deixou claro que Bolsonaro “não se mostrou contrário à proposta golpista de Silveira em nenhum momento”.