Por: Fabricio Julião
A divulgação do relatório formal de emprego não-agrícola dos Estados Unidos de junho, o Payroll, derrubou o dólar e impulsionou a queda das taxas de contratos dos juros futuros logo após a divulgação da informação, embora parte do primeiro impacto tenha se arrefecido. O mercado digeriu rapidamente os dados divulgados às 9h30 pelo Departamento de Trabalho dos EUA, que apontaram a criação de 209 mil empregos no mês ante consenso de 229 mil.
Por volta de 10h, o dólar à vista recuava 0,73%, a R$4,8863, enquanto o dólar futuro tinha queda de 0,71%, a R$4,907. O real era a moeda com o melhor desempenho ante o dólar em uma cesta de 22 divisas acompanhadas pela Mover.
Logo depois do primeiro reflexo nos mercados, o dólar e os DIs arrefereceram o movimento, enquanto investidores também observam os dados de salários médios em base mensal e anual levemente acima do consenso, mostrando que, apesar da redução nas novas vagas de emprego, houve ganho salarial na economia americana.
Ao contrário da pesquisa divulgada na véspera pela ADP, que mostrou um mercado de trabalho resiliente, o Payroll surpreendeu com sinais de uma atividade econômica americana mais fraca, com a criação de menos vagas do que o estimado. Dessa forma, a hipótese de que o Federal Reserve deve optar por apenas mais uma alta na taxa de juros ganha força – o que contribui para a negociação de ativos de risco, como os mercados emergentes.
Caso o Federal Reserve adote uma política monetária mais branda, elavando os Fed Funds até 5,25% ao ano, o diferencial de juros entre Brasil e EUA vai permanecer mais elevado, favorecendo o real e os investimentos por aqui. A entrada de fluxo estrangeiro impulsiona o real e derruba o dólar, além de contribuir para a alta do Ibovespa.
Minutos antes da divulgação dos dados, o real depreciava 0,20% e os DIs recuavam cerca de 2,0 pontos-base, enquanto os longos tinham queda de aproximadamente 4,0 pbs. Logo após a atualização do Payroll, o real chegou a se valorizar mais de 0,90% e as taxas de contratos dos juros futuros acenturam queda em torno de 10,0 pbs. Os rendimentos das Treasuries de dois e de dez anos, antes em alta, também aceleraram queda.