Por Bruno Andrade
O depoimento de delação premiada de Élcio Queiroz contou os detalhes sórdidos do assassinato da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ), disse o superintendente regional da Polícia Federal (PF), Leandro Almada, em entrevista coletiva nesta segunda-feira (24).
“O mais importante foi a colaboração da delação premiada. A versão apresentada foi corroborada com levantamentos feitos pela investigação”, disse Almada. O superintendente não quis dar tantos detalhes, pois parte da investigação ainda está em sigilo.
Segundo Guilherme Catramby, delegado da PF, Queiroz comentou inclusive os detalhes do trajeto com o carro. Queiroz disse que dirigiu o carro e a Ronnie Lessa fez os disparos.
“Ele deu detalhes desde quando pegou o carro e saiu do condomínio, a passagem por cada bairro e tudo foi confirmado por outras provas”, disse Catramby.
Segundo a PF, Queiroz pegou o carro do crime, um Cobalt prata, saiu do condomínio, foi para o local onde a vítima estava, ficou esperando Marielle sair do local, a persegui e executou.
“Logo após o crime, eles deixaram o carro na casa de Ronnie Lessa com uma bolsa com os utensílios utilizados no crime e pegaram um Taxi, no qual Queiroz contou os detalhes sobre a rota, que foi confirmada pela empresa de Taxi responsável pelo veículo”, disse.
Queiroz e Lessa deixaram a bolsa com provas do crime com o irmão de Ronnie, Denis Lessa.
“Não sabemos se Denis sabia o conteúdo da bolsa e que o irmão estava voltando de um assassinato, por isso, ele não teve sua prisão decretada e apenas prestou depoimento”, afirmou.
Provas de envolvimento de Lessa na morte de Marielle são encontradas
A PF também comentou que Lessa pesquisou o CPF de Marielle dias antes do crime. “A pesquisa foi feita por meio de empresas privadas e nós conseguimos ter o acesso aos registros”, explicou Almada.
Os investigadores também disseram que os depoimentos de Lessa e sua esposa entraram em contradição. “Enquanto Ronnie disse que ficou o tempo todo em casa assistindo ao jogo do Flamengo naquele dia, sua esposa comentou que o marido não estava em casa após as 17 horas”, explicou.
Mais cedo, a Polícia Federal prendeu Maxwell Simões Corrêa, ex-bombeiro, suspeito de ter participado da elaboração do crime e destruição de provas, como a colaboração no desmanche do carro.
De acordo com o promotor do Ministério Público do Rio de Janeiro, Eduardo Martins, a prisão de Maxwell é fundamental para as investigações. “Ele solto continuaria destruindo provas, então o melhor foi expedir a prisão preventiva”, disse.
Por fim, Eduardo Martins, promotor do Ministério Público do Rio de Janeiro, comentou que a principal linha de investigação do caso continua sendo que o assassinato da vereadora foi por motivos políticos.
“O crime foi praticado por causa das atuações políticas de Marielle. No entanto, isso não exclui a possibilidade de outros motivos”, concluiu o promotor do caso.