Por Bruno Andrade
A maioria dos integrantes do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) vê a possibilidade de corte de juros na próxima reunião de agosto, mostra a ata dos integrantes divulgada nesta terça-feira (27).
“A avaliação predominante foi de que a continuação do processo desinflacionário em curso, com consequente impacto sobre as expectativas, pode permitir acumular a confiança necessária para iniciar um processo parcimonioso de inflexão na próxima reunião”, diz a ata.
Por outro lado, um grupo minoritário deixou claro que não enxerga que essa dinâmica desinflacionária é vista de forma generalizada e sim em apenas alguns produtos voláteis do mercado.
“Para esse grupo, é necessário observar maior reancoragem das expectativas longas e acumular mais evidências de desinflação nos componentes mais sensíveis ao ciclo”, mostra a ata.
Todavia, todos os integrantes do Copom concordaram que qualquer corte na próxima reunião deve ser feito com cautela e parcimônia, e que um corte na próxima reunião ainda está em discussão devido ao cenário macroeconômico.
“Os membros do Comitê foram unânimes em concordar que os passos futuros da política monetária dependerão da evolução da dinâmica inflacionária, em especial dos componentes mais sensíveis à política monetária e à atividade econômica, das expectativas de inflação, em particular as de maior prazo, de suas projeções de inflação, do hiato do produto e do balanço de riscos”, revela a ata.
O BC decidiu deixar inalterada a Selic em 13,75% ao ano em reunião na semana passada, e manteve um tom duro ao avaliar o processo de desinflação no Brasil, sem indicar intenção de cortar juros em agosto, como esperava o mercado financeiro.
Já a ata desta terça-feira foi vista com um tom mais brando por parte do mercado. Até as casas mais conservadoras, que previam corte de juros somente em abril de 2024, passaram e ver cortes na Selic já neste ano, como é o caso da Ativa Investimentos.
“Deste modo, se atendo aos sinais de parcimônia, alteramos nossa perspectiva para a Selic de 13,75% no final desse ano para 12,00%, com o ciclo se iniciando com corte de -25bps e intensificando para -50bps nas 3 reuniões que encerram 2023. Para 2024 o ano deverá terminar em 9,0%”, disse Étore Sanchez, economista-chefe da Ativa Investimentos.