Lula questiona meta de inflação e juros e diz que “não vai ficar brigando com presidente do Banco Central”

Lula também comentou sobre mudanças nas diretorias do BC e disse que serão realizadas "de acordo com os interesses do governo”

Agência Brasil
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Por: Beatriz Lauerti, Simone Kafruni e Márcio Aith

O presidente Lula afirmou que “se a meta está errada, muda-se a meta”, questionando a meta de inflação e os juros ao responder perguntas de jornalistas nesta quinta-feira, além de declarar que “não vai ficar brigando com o presidente do BC”.

O petista assinalou que ouviu comentários de que para atingir uma meta de inflação de 3% é preciso juros de 20%. “Não é razoável. Se a meta está errada, muda-se a meta”, disse.

“Sou muito cauteloso, meticuloso, sobre política econômica, mas essa taxa é incompreensível para o desenvolvimento do país”, completou.

A meta de inflação para 2023 é de 3,25%, com limite de variação de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.

Esse parâmetro, determinado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), serve como régua para o Banco Central para a definição da taxa básica de juros, a Selic, que hoje está em 13,75% ao ano.

Uma meta apertada pode levar o BC a elevar os juros para controlar os preços, mas impacta no crescimento da economia.

O CMN precisa de 3 votos para alterar a meta de inflação estabelecida, que seriam do ministros em exercício da Fazenda e do Planejamento, e do presidente do BC, que hoje é Roberto Campos Neto.

Diretorias do BC

Lula disse que “não vai ficar brigando com o presidente do BC”, ao comentar sobre as trocas a serem feitas nas diretorias da autarquia. As mudanças serão realizadas “de acordo com os interesses do governo”, segundo o chefe do Executivo.

O presidente da República pode substituir 2 dos 9 diretores ainda neste ano, conforme determinado em legislação.

Lula disse que os próximos nomes que indicará para duas diretorias do Banco Central serão de pessoas que defendem os interesses do governo e que vai encontrar um jeito de “convencer” a autoridade monetária a baixar a taxa de juros.

O chefe do Executivo ressaltou que só anunciará os nomes após retornar de sua viagem à China. Ele precisa indicar quem ocupará as diretorias de Fiscalização e de Política Monetária. “Vamos escolher pessoas corretas. Duas este ano e mais duas no ano que vem. E, quem sabe, daqui a dois anos, vamos discutir quem será o presidente do Banco Central, que vai passar pelo Senado”, detalhou.

O petista também valorizou o marco fiscal desenhado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad. “O arcabouço foi uma engenharia muito bem pensada, do jeito que foi conversada vai ser aprovada, e vamos mudar a política econômica desse país”, destacou.

“Na economia não existe mágica, não dá para dar cavalo de pau. É preciso construir as coisas, levando em conta a correlação de forças tanto na Câmara quanto no Senado”, acrescentou.

O presidente Lula disse ainda que não tem pressa para escolher nomes para substituir o ministro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski, que se aposentou. Também não quis se comprometer se indicará uma mulher ou um negro para a vaga da presidente do STF, Rosa Weber, que também se aposentará.