Por Simone Kafruni e Machado da Costa
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse, na última segunda-feira, em coletiva de imprensa na companhia do primeiro-ministro alemão, Olaf Scholz, que pretende concluir o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul ainda no primeiro semestre deste ano. O chanceler alemão, contudo, achou a meta muito ambiciosa, e disse que será difícil cumprir este prazo.
Lula lembrou que tentou concluir o acordo entre os dois blocos comerciais no seu segundo mandato, mas que houve alguns impasses. “Não queríamos um acordo que impedisse a nossa reindustrialização e pedimos que os franceses não fossem tão duros nas negociações”, disse.
O presidente brasileiro garantiu que o governo vai trabalhar duro para concretizar o acordo. “Somos flexíveis, mas queremos que os europeus também sejam”, disse.
Os dois líderes se posicionaram sobre a guerra na Ucrânia. Scholz afirmou que quer o fim do conflito, mas que a Rússia deve compreender que fracassou nos seus objetivos. “Não pode ficar com o território que invandiu”, disse o chanceler.
Indagado por um jornalista alemão, Lula negou que o Brasil irá enviar munições para para serem usadas no conflito. “Não queremos nenhuma participação. Precisamos buscar a paz e promover a negociação”, disse.
Lula disse que vai à China em março e que conversará com o líder chinês, Xi Jinping, para que atue na resolução do conflito no Leste europeu. “Está na hora da China colocar a mão na massa para ajudar a acabar com essa guerra”, assinalou.
O presidente brasileiro também disse que o Brasil quer participar do G4, grupo composto com a Alemanha, a Índia e o Japão, para integrar o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas.
“A representação geopolítica não é mais a mesma de quando a ONU foi criada. Queremos que o conselho tenha representatividade”, destacou. “Guerras acontecem por falta de negociação. É preciso que um conjunto de países interfira”, disse Lula.
Entre os assuntos discutidos entre os dois líderes estão as questões climáticas e o meio ambiente. O chanceler da Alemanha prometeu o apoio da União Europeia no combate às queimadas na Amazônia.