São Paulo, 15/08/2024 – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a defender nesta quinta-feira uma menor taxa básica de juros, a Selic, e projetou que o esperado início do afrouxamento monetário nos Estados Unidos poderá facilitar a missão do Banco Central local, destacando ainda que a autarquia, em breve, será liderada por um indicado de seu governo.
“Nós estamos hoje um pouco pressionados pela inflação americana e pelo valor do dólar. Achamos que se os americanos começarem a baixar os juros deles agora em setembro, isso vai fazer com que se crie mais facilidade para o Brasil abaixar. Eu estou trocando o presidente do Banco Central, tenho que indicar agora… Então as coisas vão mudando”, afirmou, em entrevista à Rádio T.
“Agora, o que a gente não pode fazer é nenhuma loucura. Em economia não tem loucura, em economia tem bom senso. Se fizer uma loucura e eu perder o controle, a gente vai levar o povo a um desastre. Eu não quero que a inflação volte”, acrescentou Lula, lembrando de conviver com hiperinflação quando era metalúrgico.
A proximidade da transição de comando no BC, hoje liderado por Roberto Campos Neto, indicado pela gestão Jair Bolsonaro, tem gerado nervosismo no mercado, e analistas dizem que os diretores indicados pelo governo Lula precisarão conquistar credibilidade do mercado, uma vez que os reiterados comentários do presidente contra o nível nominal da taxa de juros geram preocupação de que eles possam ser pressionados a cortar a Selic mais rapidamente.
Na semana passada, o diretor de Política Monetária do BC, Gabriel Galípolo, virtual favorito a liderar o BC sob Lula, afirmou em evento que o Copom não descarta hoje uma elevação de juros para segurar a inflação e aplacar expectativas, e garantiu que não deixará de votar por eventuais altas necessárias na Selic por pressão política. A fala foi interpretada pelo mercado como “hawkish”, ou mais dura no combate à inflação, e ajudou a acalmar o mercado de juros desde então – melhorando o prêmio de risco desde então.