Lula diz que corte de juros tem que ser cobrado de Campos Neto, e não da Presidência da República

O presidente afirmou que não discute com Campos Neto a questão dos juros, justificando que o presidente do BC deve explicações "ao Congresso, que o indicou

Tomaz Silva/Agência Brasil
Tomaz Silva/Agência Brasil

Por: Stéfanie Rigamonti

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a dizer nesta terça-feira que os políticos e a classe empresarial precisam cobrar do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, o corte da taxa de juros, e não mais do presidente da República, já que o BC é autônomo.

“Acho que esse cidadão que foi indicado pelo Senado tem a possibilidade de maturar, de pensar e de saber como é que vai cuidar deste país. Porque ele tem muita responsabilidade”, declarou Lula sobre Campos Neto. “Ele tem mais responsabilidade do que o Henrique Meirelles tinha no meu tempo, porque era fácil jogar a culpa no presidente da República. Agora, não, agora a culpa é do Banco Central, porque o presidente não pode mexer no BC”, emendou.

Em encontro hoje com jornalistas da mídia alternativa, Lula disse que, durante seus dois primeiros mandatos, o BC só não foi 100% independente porque o presidente da República também deve ter condições de discutir “taxa de juros, taxa de inflação e a questão do emprego”.

O presidente afirmou que não discute com Campos Neto a questão dos juros, justificando que o presidente do BC deve explicações “ao Congresso, que o indicou”. “O Senado tem que ficar vigilante”, disse Lula.

No dia em que rumores sobre os próximos nomes de indicados para diretorias BC mexeram com o mercado doméstico, Lula afirmou que o governo já tem “duas pessoas no Conselho Monetário Nacional e tem mais gente para indicar no Banco Central”. O presidente deu ainda um recado ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT): “Eu espero que ele esteja acompanhando e esteja cioso sobre o que tem que fazer”.

Na atual gestão, o Ministério da Fazenda tem uma cadeira no CMN, que define as metas de inflação. A pasta do Planejamento e Orçamento também tem uma vaga no conselho, e a ministra foi citada por Lula: “Espero que Haddad e Simone (Tebet, do MDB) estejam acompanhando a situação do Brasil”.

Lula disse que o Brasil não tem que ter só meta de inflação, mas também de crescimento e emprego. “A projeção do FMI é de crescimento pífio no Brasil (neste ano), mas este país tem que gerar emprego”, afirmou, em relação às estimativas do Fundo Monetário Internacional. “Não é possível que a gente queira que este país volte a crescer com uma taxa de juros a 13,75%. Não temos inflação de demanda”.