Lula defende acordo multilateral de serviços aéreos entre países dos Brics

Para o presidente, dinamismo da economia está no Sul global

Agência Brasil
Agência Brasil

Por: Simone Kafruni

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu um acordo multilateral de serviços aéreos entre países dos Brics, grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. “É inexplicável que ainda não tenhamos voos diretos entre São Paulo e Joanesburgo, Cairo ou Dacar, essenciais para o aumento do fluxo de pessoas, comércio e turismo”, afirmou, em discurso durante o fórum do bloco na África do Sul.

Segundo Lula, será preciso ampliar as conexões marítimas e aéreas entre os dois lados do Atlântico para que a integração econômica e produtiva entre Brasil e África floresça. “É muito pertinente a proposta do Conselho Empresarial dos Brics, do estabelecimento de um acordo multilateral de serviços aéreos do grupo, contando com as principais autoridades nacionais de transporte e aviação”, destacou.

Ao contrário do que informou o presidente, o Brasil já tem voo direto para Joanesburgo (LA-8058), partindo do aeroporto de Guarulhos. O voo tem duração de 9h45min.

Sul Global

Lula apresentou alguns dados sobre os Brics, reforçando a importância do grupo de países para a economia global. “O dinamismo da economia está no Sul global e o Brics é sua força motriz”, disse.

De acordo com o presidente, o comércio total do Brasil com os países do bloco aumentou de US$48 bilhões em 2009 para US$178 bilhões em 2022, um crescimento de 370% desde a criação do grupo. O estoque de investimento externo direito dos Brics no Brasil cresceu 167% entre 2012 e 2021, atingindo US$34,2 bilhões. “Hoje, quase 400 empresas do bloco operam no Brasil.”

Lula assinalou que o governo brasileiro lançou o novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), com o qual espera mobilizar US$340 bilhões para a modernização da infraestrutura logística, com investimentos em rodovias, ferrovias, hidrovias, portos e aeroportos. “Daremos prioridade à geração de energia solar, eólica, biomassa, etanol e biodiesel. É enorme o nosso potencial de produção de hidrogênio verde”, destacou.

Durante o discurso, o presidente explicou ainda que o Brasil e vários países africanos possuem planos abrangentes de renovação de suas matrizes energéticas. “Lançaremos em breve um plano de transformação ecológica”.

A exemplo do que disse na sua live semanal, transmitida mais cedo de Joanesburgo, Lula reiterou que defende a adoção de uma unidade de conta de referência para o comércio, que não substituirá as moedas nacionais. “Nosso banco conjunto deve ser um líder global no financiamento de projetos que abordem os desafios urgentes”, afirmou.

O presidente lembrou que, a partir de dezembro, o Brasil ocupará a presidência do G20, grupo das 20 maiores economias do mundo. “A presença de três membros dos Brics no G20 será uma grande oportunidade para avançarmos nos temas de interesse do Sul Global.”