Lula critica patamar da Selic e volta a questionar autonomia do BC

Lula subiu o tom novamente ao falar das reações do mercado às suas falas, e reiterou que despesas públicas com políticas sociais não são gastos, mas investimentos

Marcelo Camargo/Agência Brasil
Marcelo Camargo/Agência Brasil

Por Stefanie Rigamonti

São Paulo, 19/1/2023 – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar nesta quinta-feira a autonomia do Banco Central e questionou o patamar da taxa básica de juros, a Selic, atualmente em 13,75%, durante encontro com reitores de universidades públicas, no Palácio do Planalto.

Lula subiu o tom novamente ao falar das reações do mercado às suas falas, e reiterou que despesas públicas com políticas sociais não são gastos, mas investimentos. “A única coisa que não é tida como gasto por essa gente do mercado é o pagamento de juros da dívida. Eles acham que isso que é investimento”, afirmou.

Segundo Lula, o patamar da inflação, atualmente em 5,79% no acumulado de 2022, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo, não justifica uma taxa Selic a um nível tão elevado. “A inflação está em 6,5%, em 7,5%, por que o juro está em 13,5%? Qual a lógica disso?”, questionou.

O presidente citou a autonomia do Banco Central — erroneamente classificando o status da autoridade monetária como “independente” — como causa dos juros altos, e disse que o Brasil poderia nem precisar pagar juros. “O Banco Central hoje é independente. Nós poderíamos não ter nem juros.”

Durante seu discurso, Lula disse que Estado tem que ter papel forte para promover “justiça social”, e lembrou que o Estado é importante inclusive para salvar bancos e instituições financeiras durante períodos de quebras no sistema financeiro. “Vimos o papel do Estado quando quebrou o Lemon Brothers nos Estados Unidos em 2008. Quem salvou o sistema financeiro? O Estado”, afirmou.

Ao longo de sua fala Lula indicou em vários momentos o aumento de gastos públicos, inclusive na educação, pauta do evento. O presidente lembrou da importância de programas como o Fies para a inserção de estudantes nas universidades, e afirmou que, em meio a dívidas altíssimas na Previdência, os estudantes são a última preocupação.

O petista disse que é preciso dar chance aos alunos provarem que podem pagar suas dívidas junto à União, e que o Estado brasileiro é que tem que ser financiador da educação superior dos estudantes.