Lula critica conceito de gasto e diz que saúde e educação não podem estar sujeitas ao Teto

Lula disse que não se pode conter gastos relacionados à saúde em nome da responsabilidade fiscal

Agência Brasil
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Por Stéfanie Rigamonti

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a criticar nesta segunda-feira o conceito do que é gasto público e do que é investimento, dizendo que os cursos de economia precisam repensar os termos, e defendeu que os setores da saúde e da educação fiquem totalmente fora do Teto de Gastos.

Durante a cerimônia de relançamento do programa Mais Médicos, Lula disse que não se pode conter gastos relacionados à saúde em nome da responsabilidade fiscal. “Saúde não pode ser refém de Teto de Gastos, juros altos ou cortes orçamentários em nome de um equilíbrio fiscal que não leva em conta o bem mais precioso que existe, que é a vida humana”, afirmou.

“Nós vamos ter que mudar alguns conceitos que estão na nossa cabeça. Você não pode tratar a educação como gasto. Não pode tratar a saúde como gasto, porque não tem investimento maior do que salvar uma vida, do que um cidadão estar pronto para o trabalho”, completou.

As falas acontecem em um dia de tensão em torno do novo arcabouço fiscal, cuja proposta foi apresentada a Lula na última sexta-feira, quando se tinha a expectativa de ser divulgada. Hoje, porém, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), disse que o presidente orientou que ele discutisse as novas regras com os presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP), e do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD), e com líderes do PT, além de economistas de fora do mercado, para entender os impactos sociais e políticos das medidas.

No evento de hoje Lula também voltou a mostrar preocupação com o crescimento da economia brasileira e com o mercado de crédito, dizendo que será papel do bancos públicos financiar o desenvolvimento do Brasil. “Se os empresários não têm dinheiro para investir, então tem que usar os bancos públicos”, declarou.

O programa “Mais Médicos” abrirá 15 mil novas vagas na saúde, com a expectativa de, até o fim do ano, ampliar o quadro de profissionais para 28 mil, que serão fixados em todo o país, principalmente em áreas de extrema pobreza.

MAIS MÉDICOS E FIES

Também presente no evento, o ministro da Educação, Camilo Santana (PT), anunciou que os médicos formados pelo benefício do Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (FIES) que ingressarem no “Mais Médicos” receberão incentivos que ajudarão eles a pagar suas dívidas. Segundo Santana, o bônus será de até 80% do valor da bolsa que esses formados receberam.

O Ministério da Saúde informou que o objetivo da medida é atrair médicos do FIES para o programa.