Por Bruno Andrade
“O presidente do Banco Central precisa explicar por que mantém os juros em 13,75% em um país com inflação anual de 5%”, disse o presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), em sua live semanal nesta segunda-feira (19).
A fala acontece justamente na semana da decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) sobre a taxa básica de juros da economia, a Selic. A expectativa do mercado é manutenção da taxa nesta reunião e de um corte de 0,25% na reunião de agosto.
A Selic está em 13,75% desde agosto de 2022. O Banco Central, que é gerido por Campos Neto, elevou a taxa para esse patamar para a controlar a inflação do último ano do governo Bolsonaro, que chegou a 12,13% no acumulado de 12 meses em abril de 2022.
Sem nenhuma perspectiva de controle das contas públicas no governo Lula, o BC manteve a Selic no mesmo patamar para controlar a inflação. O relatório do BC, que revela as expectativas do mercado para os indicadores macroeconômicos, mostrou que as estimativas indicam que a Selic deve terminar o ano a 12,25%.
A perspectiva é de melhora no cenário fiscal com a aprovação do arcabouço fiscal no Senado.
O presidente já havia deixado claro que não se agrada com os juros na casa dos dois dígitos. “A inflação está baixando, o dólar está caindo, agora os juros precisam cair”, disse Lula.
Além de Campos Neto, Lula fala sobre expectativas com a UE
Na live, o presidente também comentou que vai viajar para Europa nesta semana. Ele comentou que deve se reunir com o Papa Francisco para falar sobre o combate à fome e o fim da Guerra na Ucrânia. “Quero aproveitar meu mandato para criar consciência mundial contra a fome”, afirmou.
Outro evento que ele deve participar é de uma conversa com o presidente da França, Emmanuel Macron, para resolver um impasse sobre o acordo entre os blocos União Europeia (UE) e Mercado Comum do Sul (Mercosul).
“O Brasil é destaque em energia. Em energia elétrica, 87% da produção é renovável. Em combustível, 50% é limpa. Agora estamos investindo em hidrogênio verde. Os países têm de seguir nosso exemplo”, ressaltou o presidente.
Lula lembrou que os países ricos falam em colocar US$100 bilhões na Amazônia, mas ainda não disponibilizaram os recursos. “Vou cobrar na COP 23. Na França, vou participar de um evento e conversar com Macron, porque ele endureceu o acordo UE/Mercosul e quero discutir sobre isso”, afirmou ao jornalista Marcos Uchôa.
Por fim, Lula deve discursar em um festival de música sobre combate à fome, em Paris, a convite do Coldplay.