Por Bruno Andrade
O presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), disse que vai tirar o apoio ao governo e poderá haver um apagão na votação de pautas essenciais se a Câmara impuser o rito considerado correto sobre a tramitação e o conteúdo das Medidas Provisórias (MPs). A fala foi dita em uma reunião mais cedo entre Lira e Lula, em que se tratou da disputa entre Câmara e Senado sobre o rito das MPs.
O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG) quer que as Medidas Provisórias assinadas por Lula sejam discutidas por comissões mistas, com deputados e senadores, como sempre ocorreu.
Desde a pandemia, no entanto, as pautas são votadas inicialmente na Câmara e depois seguem para o Senado. Se a casa presidida por Pacheco fizer alguma alteração, o texto volta para as mãos de Lira e os deputados passam a ter a palavra final antes da sanção presidencial.
Lira e a Câmara querem a manutenção da rotina adotada na Pandemia, quando Rodrigo Maia (PSDB-RJ) e David Alcolumbre (União Brasil-AP) eram presidentes da Câmara e Senado, respectivamente.
Na conversa com o presidente Lula, Lira disse que, se o imbróglio das MPs não for resolvido, a Câmara não votará projetos essenciais. Com isso, Lira disse uma série de cenários ruins para o governo. Programas como o Minha Casa Minha Vida podem ficar sem uma lei que o legitime, ministérios recém criados podem ser extintos e até benefícios sociais como o Bolsa Família podem ser cortados.
A reunião foi uma tentativa de Lira atrair o Palácio do Planalto para a sua causa e a de reclamar que ministros do governo Lula estariam dando apoio a Pacheco. Para Lira, Lula e seus ministros garantiram neutralidade e disseram que essa briga deveria ser decidida pelo Congresso.
Enquanto o conflito não é dirimido, senadores tentam implementar comissões mistas. Irritado, Lira prometeu que nenhum deputado vai participar das comissões mistas. No meio das tensões, senadores ameaçam acusar Lira de cometer crime de responsabilidade pela obstrução das MPs.