Por: Machado da Costa
São Paulo, 23/1/2023 – O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), reiterou após o anúncio de um acordo para fomentar o comércio bilateral com a Argentina que os estudos para a criação de uma unidade de conta não culminarão na criação de uma moeda única para o Mercosul, como ocorre com o Euro na União Europeia.
Segundo o ministro, o Sistema de Pagamentos em Moeda Local não funcionou e é preciso aperfeiçoamento. “Há enorme diferença entre unidade de conta e moeda única”, afirmou.
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Para Haddad, o propósito é recuperar o comércio de mercadorias e serviços dentro do Mercosul, que sofre com a “dolarização e desindustrialização das economias da região”.
Além de estudos para aperfeiçoar o sistema de pagamentos, Haddad e o ministro da Economia da Argentina, Sergio Massa, anunciaram a criação de um sistema de garantias que permitirá o financiamento das exportações do Brasil.
Este sistema seria iniciado em fevereiro e contaria com garantias reais dadas pelo governo argentino. Pelo lado brasileiro, as exportações seriam financiadas pelo Banco do Brasil e seriam respaldadas pelo Fundo Garantidor de Crédito. Já a contraparte ofereceria recebíveis do setor de óleo e gás e agrícola. O Banco de La Nación Argentina assumiria, no limite, o risco por parte do importador.
O financiamento do segundo trecho do gasoduto de Vaca Muerta também poderá ser financiado por um banco brasileiro. Neste caso, o Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Haddad disse que investidores privados podem investir na infraestrutura que visa trazer gás natural da região de Neuquén na Argentina para o Brasil. Vaca Muerta é uma das maiores jazidas de gás natural do mundo.
Massa afirmou que a Argentina precisa de US$800 milhões para concluir o projeto, e que o BNDES poderia financiar, inclusive, partes fabricadas no Brasil. Ele citou a Usiminas como fabricante de componentes para tubulações de gás necessárias para a obra. Haddad, por sua vez, explicou que o gás transportado pelo gasoduto será utilizado como garantia de pagamento.
Inflação
Haddad falou também sobre a conjuntura interna e afirmou que a inflação de 2023 deverá ficar dentro das bandas da meta – entre 1,75% a 4,75%.
Segundo o ministro, projeções de agentes econômicos mostram que há confiança de que a inflação está convergindo para a meta. Em 2022, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo fechou em 5,79%, acima do limite máximo, que era de 5%.
Sobre a discussão de que o governo federal gostaria de elevar o centro da meta de inflação, Haddad disse que o Conselho Monetário Nacional deve levar em consideração as projeções dos agentes econômicos. “As metas devem ser ponderadas com sobriedade”, afirmou.
Por fim, o ministro garantiu que o Banco Central terá independência, mas que isso não será garantido apenas por conta da Lei de Autonomia do BC. “Essa independência precisa ser cobrada”, afirmou. “Nunca houve ingerência no Banco Central durante os oito anos de governo Lula.”
