Por Simone Kafruni e Machado da Costa
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), deixou o Palácio da Alvorada quase às 18h00 depois da reunião conclusiva com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre o novo arcabouço fiscal. A expectativa é de que Lula tenha batido o martelo sobre a nova regra que substituirá o Teto de Gastos.
Após sair do Alvorada, Haddad deve ir para a Residência Oficial do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP), que convocou uma reunião de líderes. O ministro, que mais cedo já tinha se encontrado com Lira, mas disse que a pauta foi o rito de Medidas Provisórias, deve apresentar o arcabouço aos parlamentares.
Os líderes do governo na Câmara, José Guimarães (PT), e no Senado, Jaques Wagner (PT), também participaram da reunião com o Lula, para avaliar se a proposta encontrará consenso nas duas Casas legislativas, assim como a presidente do PT, Gleisi Hoffmann. O arcabouço foi apresentado a Lula em 17 de março, mas o presidente pediu um tratamento especial para os gastos com saúde e educação.
Conforme a Mover antecipou na semana passada, algumas fontes revelaram que a proposta de Haddad é baseada na busca por uma meta de dívida bruta em relação ao Produto Interno Bruto, que será alcançada, segundo o plano, por meio da produção de superávits primários a partir de 2025 para estabilizar a dívida/PIB no ano seguinte.
Se a ideia foi aprovada por Lula, agora precisa convencer deputados e senadores. Segundo a assessoria do Ministério da Fazenda, a reunião que Haddad tinha com apenas três líderes foi desmarcada, o que foi confirmado à Mover por um deles, para acomodar a ida do ministro à casa de Lira.
Segundo a agenda oficial da Fazenda, o encontro seria com os deputados Isnaldo Bulhões Jr (MDB), Antonio Brito (PSD) e Hugo Motta (Republicanos), cujos partidos somam 154 deputados, votos fundamentais para a aprovação dos projetos do Executivo. Haddad conseguiu adiantar as negociações do arcabouço, com a viagem de Lula à China cancelada por recomendações médicas.
A reunião de líderes do Senado foi confirmada para quinta-feira, às 9h00, e há expectativa que Haddad encontre o presidente da Casa, Rodrigo Pacheco (PSD), antes ou durante o evento para tratar do arcabouço fiscal.
O governo tem pressa, porque a ata do Comitê de Política Monetária do Banco Central, divulgada ontem, sinalizou que, se a regra fiscal for boa, será possível melhorar as expectativas para a inflação e, consequentemente, estimular o início da redução da taxa de juros. Além disso, a equipe econômica quer entregar a regra até 15 de abril, data em que o Ministério do Planejamento e Orçamento precisa enviar a Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) ao Congresso Nacional.