Por Beatriz Lauerti e Márcio Aith
A ex-presidente Dilma Rousseff voltará a ocupar um cargo público este ano, por indicação do presidente Lula. A economista foi oficializada nesta sexta-feira como nova chefe do banco do Brics, o Novo Banco de Desenvolvimento, até julho de 2025.
A instituição financeira foi criada em 2014, durante o governo da ex-presidente, pelos países que compõem o bloco denominado “Brics”, entre eles, Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. O banco é focado em financiar projetos de infraestrutura e desenvolvimento sustentável.
Dilma, que faz parte da comitiva que irá à China com Lula, tomará posse de seu novo cargo durante a viagem, no próximo dia 29, passando a receber R$220 mil de salário mensal para substituir o cientista político e diplomata de carreira, brasileiro Marcos Troyjo.
Troyjo foi indicado ao comando do banco, cuja sede está localizada em Xangai, na China, pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, em 2020. Essa nomeação foi suficiente para interromper o mandato de Troyjo, que passou a ser visto como bolsonarista.
No entanto, poucos sabem da relação próxima de amizade entre ele e o petista histórico José Dirceu, o qual ciceroneou, como diplomata e tradutor, em viagem de prospecção a autoridades americanas, em Washington, em 2002, pouco antes da posse da Lula. À época, Dirceu, ladeado de Troyjo, deu diversas entrevistas, em “on” e em “off”, ao correspondente em Washington do jornal Folha de S.Paulo (hoje integrante da equipe de jornalistas do FLJ).
Seria natural, portanto, que o atual governo federal encontre algum outro posto ou missão como resultado desse passado inusitado.
Já a ex-presidente Dilma passou por sabatina com ministros da Economia dos outros países do bloco, e seu nome foi aprovado em reunião interna pelo comitê de governadores da instituição.
Em nota, o banco afirmou que Dilma expandiu “significativamente” a cooperação e a relação entre o Brasil e diversos outros países ao redor do mundo todo.
A ex-presidente assumiu seu primeiro mandato à frente do Executivo em 2010, foi reeleita em 2014 e sofreu impeachment em 2016, justificado por crime de responsabilidade fiscal, sendo retirada da Presidência da República.