Por Reuters
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro aprovou nesta terça-feira (13) uma série de convocações de aliados próximos do ex-presidente Jair Bolsonaro, e ainda pedidos de compartilhamento de informações a diversos órgãos de inteligência e segurança.
Os ex-ministros de Bolsonaro Augusto Heleno, Braga Netto e Anderson Torres estão entre os convocados. O ex-ajudante de ordens, tenente-coronel Mauro Cid, também foi convocado.
O general da reserva Augusto Heleno foi ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da gestão anterior, enquanto Anderson Torres ocupou a pasta da Justiça e Segurança Pública. À época dos atos, em 8 de janeiro, Torres já havia assumido como secretário da Segurança Pública do Distrito Federal. O também general da reserva Braga Netto foi ministro da Defesa e da Casa Civil na gestão passada e concorreu na chapa de Bolsonaro como candidato a vice-presidente nas eleições de 2022.
Por terem sido alvo de convocações, todos estão obrigados a comparecer à comissão e responderão na condição de testemunhas. Outros requerimentos, que tinham a intenção de convocar pessoas que chegaram a integrar o atual governo, como o ex-ministro-chefe do GSI Gonçalves Dias e o ex-diretor adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) Saulo Moura da Cunha foram rejeitados.
Aliados do governo na CPMI garantiram ainda a rejeição de convite ao atual ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino. Ele terá, no entanto, que fornecer informações por meio de remessa de documentos.
Foi aprovado ainda um convite a Ricardo Cappelli, atualmente secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública. Cappelli assumiu o comando da intervenção federal na segurança pública do DF após os atos e também passou provisoriamente pelo GSI.
Ao todo, foram analisados 285 requerimentos pela comissão nesta terça.
Alertas
Em meio a tantos requerimentos, também foram aprovados pedidos de compartilhamento de dados e informações a órgãos do governo federal e do DF.
Foi aprovada a disponibilização, por exemplo, dos alertas feitos pela Abin aos órgãos do governo federal sobre os riscos dos atos de 8 de janeiro. Um outro requerimento requer à agência que envie em 10 dias úteis cópia do inteiro teor de todos os informes, informações e relatórios expedidos pelos órgãos sobre a possibilidade de manifestações violentas no dia 8 de janeiro.
Os atos, perpetrados por apoiadores do ex-presidente contra o resultado das urnas nas eleições do ano passado, resultaram na depredação das sedes dos Três Poderes da República sob o mote de “retomar o poder”.
Um outro requerimento pede o compartilhamento de todo o acervo probatório já acumulado pela CPI em curso na Câmara Legislativa do DF.
Os parlamentares da CPMI chancelaram ainda pedidos de cópias de imagens de câmeras dos prédios destruídos, dados das polícias Militar e Civil do DF, e da Secretaria de Segurança Pública distrital.
Também foi aprovada solicitação de envio pela Polícia Federal de dados extraídos de celular de Mauro Cid e do ex-militar Ailton Barros, seu aliado, que teria passado espécie de rota de ações para um golpe de Estado em mensagens de áudio obtidas pela PF.