Por Bruno Andrade, Felipe Corleta e Patricia Lara
O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse nesta quarta-feira (05), que a politização do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) preocupa os diretores da autarquia.
“A tentativa de politizar um processo que é totalmente técnico, é uma coisa que deixa os funcionários da casa e os diretores de uma forma geral bem preocupados”, disse Campos Neto, em evento do Bradesco BBI.
Ele afirmou também que as perspectivas de riscos para a trajetória da dívida foram eliminadas com a proposta do novo arcabouço fiscal apresentada na semana passada pelo Ministério da Fazenda.
Campos Neto disse, contudo, que não há relação mecânica entre a política fiscal e a monetária, repetindo sinalização dada na semana passada. O presidente do BC também afirmou que reconhece os esforços do ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), e de sua equipe na organização das contas públicas, e disse que a proposta de marco fiscal elimina o chamado “risco de cauda”. Esse é um termo que os economistas usam para qualificar eventos inesperados que normalmente causam uma perda considerável de patrimônio.
Segundo Campos Neto, é necessário ter parcimônia em cobrar redução de gastos do governo, argumentando que é complicado cortar despesas obrigatórias, e afirmou que o ajuste fiscal na despesa acontece via reformas.
META DE INFLAÇÃO
O presidente do BC também disse que a mudança da meta de inflação limita resultados da política monetária, afirmando que uma alteração nesse sentido não traria liberdade para o Banco Central atuar e poderia gerar um “custo de reputação”.
Campos Neto disse que o BC vê uma desaceleração econômica em curso no Brasil, mas frisou que não é uma desaceleração dramática, e afirmou que não é verdade a afirmação de que “não existe inflação de demanda”.
CRÉDITO
O presidente do BC afirmou ainda que o Brasil tem o maior nível de direcionamento de crédito do mundo. Segundo ele, os bancos veem desaceleração do crédito, mas não crise. Campos Neto disse ainda que medidas parafiscais dificultam o trabalho do Banco Central.