Por Reuters
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse neste sábado que o Banco Central tem “espaço considerável” para cortar a taxa Selic, afirmando que o ciclo de afrouxamento monetário que provavelmente começará na semana que vem será fundamental para que agentes econômicos intensifiquem seus investimentos no Brasil.
“O espaço (para afrouxamento monetário) que existe é bastante considerável”, disse Haddad em entrevista à TV GGN.
“É uma situação que efetivamente nos dá condições de harmonizar a política econômica com a política fiscal de maneira muito interessante para abrir um ciclo de crescimento sustentável no país”, acrescentou o ministro, citando sinais de redução da inflação e elevação da nota de crédito do Brasil por agências de classificação de risco como argumento a favor do início do afrouxamento dos juros.
Haddad avaliou que qualquer movimento da Selic pelo BC em agosto, seja corte de 0,25 ou 0,50 ponto percentual, provavelmente não terá grande impacto na economia de imediato, uma vez que os juros, atualmente em 13,75%, seguirão em patamar muito restritivo.
No entanto, “essa sinalização é muito importante para que os agentes econômicos comecem a se reposicionar em relação ao mercado interno”, disse Haddad, prevendo aumento dos investimentos no país.
O ministro, que tem sugerido ser a favor de corte mais intenso da Selic na semana que vem, de 0,50 ponto percentual, disse que “seria uma grande surpresa” se o BC optasse por deixar os juros inalterados no próximo encontro do Comitê de Política Monetária.
A maioria dos economistas consultados em uma pesquisa da Reuters espera que o BC corte os juros básicos em 0,25 ponto percentual quando se reunir nos dias 1 e 2 de agosto. Já operadores do mercado financeiro se mostravam mais divididos, embutindo probabilidade de cerca de 53% de uma redução de meio ponto, com 47% de chance de um ajuste mais brando.
Ainda comentando a relação do governo com a autoridade monetária, Haddad disse na entrevista que a indicação dos novos diretores do BC pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva levará “novas visões” para o Copom, tornando as discussões mais plurais. “Vai arejar muito o debate, vamos levar perspectivas novas”, afirmou ele.
Gabriel Galípolo e Ailton Aquino, indicados pelo governo à diretoria do BC, assumiram neste mês as cadeiras de Política Monetária e Fiscalização, respectivamente.
REFORMA TRIBUTÁRIA
Em meio a preocupações sobre a possível inclusão de exceções demais no texto da reforma tributária, atualmente em tramitação no Senado Federal, Haddad disse neste sábado que sua pasta pretende divulgar na próxima semana ou na seguinte dados sobre os custos desses beneficícios. Segundo ele, as contas vão mostrar o quanto cada benefício exigiria em termos de necessidade de elevação da alíquota padrão a ser cobrada sob o novo sistema tributário.
“Qual é o objetivo? Não é punir ninguém, é dar clareza para o Congresso de que, se ele beneficiar um setor, tem que estar muito bem embasado para isso, por que todo mundo vai pagar por isso”, disse o ministro.
Ele avaliou que o caminho mais adequado a ser seguido pelo Senado agora seria “dar apenas uma limada” no texto da reforma que veio da Câmara, “para ela ficar mais enxuta e, se tiver que voltar para a Câmara, voltar para fazer o gol, encerrar o assunto e dar o maior passo econômico que o Brasil poderia dar a essa altura”.