Por Erick Matheus Nery
A ata da reunião de junho do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC), divulgada nesta terça (27), teve um tom menos duro do que o do comunicado divulgado na semana passada, de acordo com os especialistas do mercado financeiro. Assim, a equipe liderada por Roberto Campos Neto deixou as “portas abertas” para o início do processo de corte de juros.
Caio Megale, economista-chefe da XP, destaca esse movimento de “portas abertas para a flexibilização”, mas ressalta: “O Copom sinaliza que, sob as condições atuais, não vislumbra um ciclo intenso de corte de juros”.
“Em linhas gerais, acreditamos que a ata reforça o comunicado pós-reunião do Copom ao sinalizar que sua estratégia está aberta a um afrouxamento gradual da política monetária daqui para frente. Assim, vemos a ata consistente com o nosso cenário base (desde abril) que considera um corte de 0,25 pp na taxa Selic em agosto, seguido de cortes de 0,50 pp. Projetamos a taxa básica de juros em 12% no final de 2023”, afirma Megale.
Marianna Costa, economista-chefe do TC, aponta que, diferentemente do comunicado da semana passada, — quando a taxa Selic foi mantida em 13,75% — a ata trouxe uma sinalização dos próximos passos da política monetária.
“Nesse sentido, o principal destaque da ata é o fato de parte do colegiado ter indicado que frente a continuidade da queda da inflação corrente e consequentes impactos benignos sobre a trajetória futura dos preços, essa combinação possa permitir que o processo de queda dos juros comece já no encontro de agosto, mesmo que outro grupo tenha defendido maior cautela”, analisa.
Para os agentes de mercado, a ata deve ser entendida como um sinal importante de que devemos observar o início do ciclo de queda de juros na segunda metade deste ano.
Sérgio Goldenstein, estrategista-chefe da Warren Rena, diz que o comunicado da semana passada deveria ter explicitado a possibilidade da flexibilização dos juros, o que só foi feito na ata.
“Entendemos que houve uma forte sinalização de corte de 25 bps da Selic em agosto, tendo em vista que a avaliação predominante foi de que a continuidade do processo de desinflação, com consequente impacto sobre as expectativas, permitiria angariar a confiança necessária para iniciar um processo parcimonioso de inflexão na próxima reunião”, projeta Goldenstein.