Por Reuters
A uma semana do julgamento do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) que poderá torná-lo inelegível, o ex-presidente Jair Bolsonaro disse nesta quarta-feira que é preciso se preparar para buscar alternativas e que não vai mudar sua maneira de agir.
As declarações de Bolsonaro foram dadas em evento do PL promovido na sede do partido em Brasília pelo presidente da agremiação, Valdemar Costa Neto, no qual foi feita a filiação do ex-ministro da Saúde Marcelo Queiroga, lançado como pré-candidato à prefeitura de João Pessoa em 2024.
“Valdemar sabe como é que é a política brasileira e já sabemos como é a Justiça aqui no Brasil. Então, a gente se prepara para que aconteça o que acontecer… a gente se prepara com muita altivez aí para buscar alternativas”, afirmou.
“Acredito em Deus, neste país, a vida nossa não é fácil, mas tudo bem, a gente enfrenta esses obstáculos”, reforçou.
No próximo dia 22, o TSE começa a julgar ação movida pelo PDT que pede a inelegibilidade de Bolsonaro por ter feito, em reunião no Palácio da Alvorada em meados do ano passado com embaixadores, ataques ao sistema brasileiro de urnas eletrônicas.
A expectativa é que Bolsonaro seja condenado e fique impedido de concorrer a cargos eletivos nos próximos anos, segundo fontes do Judiciário ouvidas pela Reuters nos últimos meses. O Ministério Público Eleitoral defende a punição de Bolsonaro e considera que ele cometeu abuso de poder político e desvio de função, praticou condutas vedadas e buscou deslegitimar o processo eleitoral.
Em sua fala, Bolsonaro disse que tem mais de 500 processos — o que não é factualmente verdadeiro — e destacou que já contribuiu “o bastante” para o futuro do país juntamente com muitos dos presentes e que ainda pode contribuir “aconteça o que acontecer”.
“Ninguém vai mudar a nossa (sic) maneira de agir porque possivelmente alguns poucos queiram, na marra, manter ou trabalhar para um regime que não deu certo em lugar nenhum do mundo”, disse ele, em uma indireta ao Poder Judiciário.
Bolsonaro fez vários ataques a ministros do TSE e do Supremo Tribunal Federal nos últimos anos.
Aliados dele, inclusive no PL, consideram que, caso se torne inelegível pelo TSE, Bolsonaro poderá atuar como um forte cabo eleitoral nas eleições municipais de 2024 e gerais de 2026.
INJUSTIÇA
No evento, o presidente do PL afirmou que Bolsonaro jamais cometeu um ato ilegal e fez, em sua avaliação, o governo mais sério que já viu.
“Não acredito que o Poder Judiciário vai fazer uma injustiça dessas com ele. Espero que eles cumpram a lei. Bolsonaro cumpriu os quatro anos de mandato de maneira exemplar. Nunca vi um presidente ter um comportamento como o dele”, afirmou.