Por Artur Losnak
No universo dos Fundos Imonbiliários, galpões logísticos surfaram bem o período da pandemia e shoppings tiveram ótima performance no período seguinte, e a pergunta que fica é: e as lajes corporativas? Quando será a sua vez?
Os preços de aluguéis de lajes corporativas nunca retornaram aos patamares fenomenais atingidos em 2012. Tanto a crise que o país passou em 2015 e em 2020 quanto a sobreoferta postergaram a recuperação de preços.
Após todo mundo ficar obrigado a trabalhar em casa (e questionarem a utilidade dos escritórios), quase todas as funções retornaram ao escritório e presenciamos a implementação de regimes híbridos para a maioria. A interação entre as pessoas e a cultura corporativa são muito mais fáceis de implementar no trabalho presencial. Escritórios são parte da nossa vida e não conseguimos ficar sem eles.
Um ponto positivo para o investidor de FIIs de lajes corporativas é a limitação da oferta de escritório nas principais regiões mais demandadas pelas empresas. Além disso, o custo de construção cresceu bastante, limitando ainda mais a oferta de lajes corporativas no Brasil. Há um ultimato: ou o aluguel aumenta, ou não haverá mais oferta.
No Rio de Janeiro, por exemplo, os preços estão muito deprimidos e a vacância elevada. Não há sentido em construir novos imóveis, e a correção dos preços pode acontecer mais rapidamente.
A grande questão para que os aluguéis de lajes corporativas se recuperem é o crescimento da economia. Muitas empresas estrangeiras alugaram áreas importantes no Brasil nos últimos anos planejando ampliar seu crescimento por aqui, mas agora estão devolvendo andares e andares de escritórios de primeira linha.
Enquanto a economia não cresce, não surgirão novas empresas e as companhias não crescerão em espaço físico.
Como aprendizado da pandemia, faz muito sentido expandir apenas quando a demanda for muito gritante. Enquanto isso, diversas pessoas podem fazer revezamento na mesma estação de trabalho.
E, quando a economia engatar um bom ritmo de crescimento, haverá competição pelo mesmo espaço, o que possibilita aumento de preços acima da inflação.
Recentemente a XP, que devolveu vários andares de um prédio na região da Faria Lima por discordar do reajuste de aluguel, tentou retomar novamente andares do mesmo prédio, aceitando pagar preços mais altos.
Para termos uma melhora nesse quadro, a economia não precisa crescer a taxas muito altas. É importante apenas que o investidor tenha paciência, pois o ciclo imobiliário é longo, entre dez e quinze anos.
As regiões mais demandadas já começam a dar sinais de melhora, o que deve ser seguido pelas de segunda linha. As lajes no bairro Itaim Bibi, em São Paulo, por exemplo, devem seguir puxando preços para cima e expulsando para outros bairros empresas que não podem pagar pelos reajustes.
Os FIIs de lajes corporativas serão a bola da vez assim que o país engatar uma onda de crescimento econômico.
*O conteúdo da coluna é de responsabilidade do colunista e não reflete o posicionamento do FLJ