O estilo Arthur Lira de administrar por controle remoto ministérios e, agora, bancos públicos, começa a aflorar na Caixa Econômica Federal (CEF) a ideia de retomar o empréstimo consignado para beneficiários do Bolsa Família. O projeto tem completa relação com a troca da presidência. Carlos Vieira Fernandes, apadrinhado político de Lira, deve assumir o posto nos próximos dias.
Esses empréstimos foram criados no ano passado pelo presidente Jair Bolsonaro como forma de acelerar o consumo e, por consequência, o PIB nos meses antes da eleição. No entanto, em fevereiro deste ano, já sob o comando de Lula no governo, a Caixa suspendeu definitivamente a concessão desses empréstimos, sob a alegação de que aumentavam exponencialmente o endividamento de famílias já vulneráveis.
Para retomar os empréstimos para beneficiários do Bolsa Família, basta ao comando do banco baixar uma nova orientação. O problema é o atrito que isso criará no governo, que procura enterrar todo o legado administrativo de Bolsonaro.
A favor de Lira e de Vieira Fernandes está o fato de o Supremo Tribunal Federal (STF), no mês passado, ter validado a lei criada por Bolsonaro e revertida administrativamente pela Caixa. A lei era questionada pelo PDT.
A Caixa não é o único banco que oferecia (e deve voltar a oferecer) o crédito consignado para beneficiários do Auxílio Brasil. Mas, segundo o Ministério da Cidadania, 80% do total de contratações havia sido feita por meio do banco público até a suspensão do benefício.