Tesouro deve manter fatia de pós-fixados e emissão alta em Plano de Financiamento, diz Necton

O Plano Anual de Financiamento, documento que estabelece parâmetros para a estratégia de gestão da dívida mobiliária pelo Tesouro, deve ser apresentado na quinta-feira

Foto: Marcello Casal jr/Agência Brasil
Foto: Marcello Casal jr/Agência Brasil

Por: Patricia Lara

São Paulo, 24/1/2023 – A necessidade de emissões do Tesouro Nacional ao longo do ano deve ser elevada e os títulos com rentabilidade atrelada à taxa básica de juros tendem a manter fatia relevante na composição da dívida pública para assegurar o interesse dos investidores, dada a expectativa de que a Selic média permaneça alta, segundo a Necton.

O Plano Anual de Financiamento, documento que estabelece parâmetros para a estratégia de gestão da dívida mobiliária pelo Tesouro, deve ser apresentado na quinta-feira.

O total financeiro de títulos com vencimento em 2023 é de R$ 1,3 trihão, segundo nota assinada por Fernando Ferez e Emanuel Ferreira, da área de estratégia de renda fixa.

Além da necessidade de refinanciar esse montante, a conta será ampliada em cerca de R$100 bilhões diante das projeções de déficit primário.

“Não tem como o Tesouro Nacional forçar alguma mudança brusca nas bandas dos indexadores e a sua estratégia deve seguir bem parecida com o que foi em 2022. A própria inclusão da LFT de 3 anos no calendário é um sinal”, diz a nota.

A LFT é um título pós-fixado atrelado à Selic e, portanto, trata-se um instrumento que reduz a previsibilidade para a gestão da dívida. Mas a perpectiva de que o juro básico permaneça elevado por um tempo prolongado joga contra o aumento das emissões prefixadas, diz a Necton.

Outro instrumento que deve ser usado pelo Tesouro é a Nota do Tesouro Nacional – série B de curto prazo, que hoje são representadas pelos papéis com vencimento em 2026. O Tesouro já elevou o lote ofertado de 500 mil para 750 mil. Esses papéis rendem uma taxa prefixada mais a variação do IPCA.

Para a Necton, a banda de representatividade da LFT na composição da dívida deve seguir entre 24% a 28% e a fatia de NTN-B, de 28% a 32%.

Essas margens permitem ao Tesouro calibrar a estratégia para a dívida pública de acordo com as condições presentes no ambiente econômico e no mercado de títulos em cada momento.

Já com relação aos indicadores de prazo médio e dívida vincendo também não devem sofrer uma alteração significativa, diz a Necton.