Santander vai buscar crescimento consistente após controlar inadimplência, diz CEO

Presidente do banco defende parcelamento com juros no cartão de crédito

Santander/Divulgação
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Por Bruno Andrade

O Santander Brasil (SANB11) está pronto para atuar com maior apetite e elevar a concessão de crédito, mas de forma mais organizada, disse nesta quarta-feira o presidente do banco, Mario Leão, após a divulgação de balanço do terceiro trimestre que mostrou estabilização na inadimplência.

Depois de um período difícil, com alta de provisões e queda na rentabilidade, o Santander avalia que o pior ficou para trás, mas ainda não sabe dizer quando voltará às suas marcas históricas de rentabilidade.

Os resultados do Santander aliviaram preocupações no mercado, com analistas do Itaú BBA vendo os números como ainda fracos, mas próximos dos consensos de projeções e com sinalizações positivas para a frente. A inadimplência acima de 90 dias ficou em 3%, estável na base anual e com recuo de 0,3 ponto percentual no comparativo trimestral.

Em entrevista coletiva hoje após o balanço, Leão disse a jornalistas que o banco vai agora “buscar crescimento de forma consistente e mais ampla, com um portfólio saudável”, mirando aumento gradual na carteira de crédito ao longo do próximo trimestre e de 2024, mas com maior cautela após um forte ritmo de concessão de crédito para baixa renda em 2020 e 2021 que depois pesou sobre os resultados.

“A companhia pretende dobrar os negócios em pequenas e médias empresas. Outro segmento que queremos ampliar é a concessão de crédito via cartões, crédito pessoal e até cheque especial, mas isso será aqueles clientes que conhecemos bem a renda”, disse o CEO.

“Eu disse no trimestre passado que estávamos no pico da inadimplência e o número apresentado hoje corrobora que o pior passou”.

Apesar da melhora no controle da inadimplência e da retomada no apetite, o Santander Brasil continua com uma rentabilidade baixa na comparação com as médias históricas.

No terceiro trimestre de 2023 o banco apresentou retorno sobre o patrimônio líquido (ROE) de 13,1%, com alta de 1,9 ponto percentual frente ao trimestre anterior, mas ainda bem abaixo do ROE de 22,4% no terceiro trimestre de 2021.

Leão disse que “não está orgulhoso com o número apresentado”, mas projetou evolução gradual.

““É difícil saber se o ROE pode voltar para 21%”, disse Mario Leão (Imagem: Santander/Reprodução)

“É difícil saber se o ROE pode voltar para 21%, mas estamos evoluindo aos poucos. Esperamos que o ROE de 2024 seja maior que o de 2023. E o de 2025 também vai ser maior que o de 2024. No entanto, eu não vou dizer exatamente quando vou ter os 20% de ROE e nem que o crescimento será de forma linear nos trimestres, mas estamos trabalhando para chegar lá”, disse o CEO

ROTATIVO DO CARTÃO

O CEO do Santander também foi questionado sobre a visão do banco em relação a planos do governo federal para limitar os juros do rotativo do cartão de crédito. Ele disse concordar com o diagnóstico do governo de que as taxas são realmente altas, mas pediu um debate “técnico e com equilíbrio” sobre o tema. 

Um projeto limitando taxas no rotativo foi aprovado pelo Senado em 3 de outubro, como parte do programa Desenrola. A proposta estabelece prazo de até 90 dias para que operadoras de cartões apresentem modelo de autorregulação dos juros do rotativo, atualmente em 440% ao ano. Caso isso não ocorra, o valor da dívida ficaria limitado ao dobro do montante original, ou seja, 100%.

Para Leão, a solução deve passar por um maior uso do parcelamento com juros nas compras no cartão, em detrimento de parcelamentos sem juros hoje bastante comuns.

O Banco Central está propondo permitir parcelamentos sem juros em até 12 vezes, mas Leão acha esse número baixo. “A limitação em até 12 vezes é uma matemática que não funciona, existem compras feitas com parcelamento em 6 vezes, ou até 4 vezes”, disse.

(BA | Edição: LC | Comentários: equipemover@tc.com.br)