Por: Artur Horta
Após a prévia operacional apresentar um aumento sequencial na produção, vendas e preços realizados de minério de ferro no terceiro trimestre, os números devem garantir à Vale (VALE3) uma maior diluição de custos fixos e um balanço mais lucrativo no período.
Em relatório divulgado na véspera, a mineradora informou uma produção de 86,2 milhões de toneladas de minério de ferro, queda de 3,9% na base anual, mas uma alta de 9,5% ante o trimestre anterior. As vendas, por sua vez, totalizaram 69,7 milhões de toneladas no período, alta de 6,6% na comparação anual e 10,1% sequencialmente, em meio a “condições favoráveis do mercado”, informou a mineradora.
Somados às vendas de pelotas, os embarques totalizaram 78,3 milhões de toneladas, próximo às estimativas de analistas e bancos consultados pela Mover.
Do lado positivo, a surpresa ficou por conta dos preços realizados, de US$105,10 por tonelada, alta de 13,5% na base anual e de 6,7% ante o trimestre anterior. A companhia disse que a qualidade do teor de ferro melhorou em relação ao ano passado, resultado da maior produção na usina S11D, em Carajás, além da maior produção de pellet feed de Brucutu com o comissionamento da barragem de Torto.
“Os preços sequencialmente mais elevados e uma tendência favorável nos custos devem se traduzir em melhores resultados operacionais no terceiro trimestre”, afirmou o Safra, em relatório enviado a clientes.
De acordo com os analistas do banco, esses resultados devem assegurar à Vale um lucro operacional, medido pelo EBITDA, 13% maior se comparado ao trimestre anterior.
Para o JP Morgan, o principal destaque operacional foi a recuperação das vendas do ingrediente siderúrgico após um primeiro semestre desafiador. Embora as vendas de níquel e cobre tenham desapontado, os analistas reconheceram que o minério de ferro, que responde por cerca de 90% da geração de caixa da companhia, deve “dar o tom” para uma reação positiva do mercado.
É importante ressaltar, contudo, que normalmente o terceiro trimestre é tipicamente o melhor momento do ano para a produção da Vale, considerando que os sistemas Norte e Sudeste operam sem contratempos climáticos.
Na visão dos analistas, os números divulgados ontem devem ajudar a companhia a atingir a meta de 310 mil a 320 mil toneladas este ano. Para o custo caixa C1, a expectativa da mineradora é que ele fique entre US$21,50 e US$22,5 por tonelada em 2023. Logo, o desafio da companhia será mostrar uma queda de 35% no C1 no segundo semestre, já que no primeiro semestre ele ficou próximo a US$26,00 por tonelada.