Por Bruno Andrade
A Petrobras (PETR4) estuda investir R$8 bilhões a mais para ampliar a Refinaria Gabriel Passos, Regap, em Betim (MG). O aporte seria para elevar a capacidade de processamento da unidade para até 40 mil m3 por dia, ante os atuais 26 mil m3 diários, segundo comunicado da companhia na noite de segunda-feira.
Se os R$8 bilhões forem aprovados, o que ainda depende de estudos e processos internos, a empresa deve aportar um total de R$10 bilhões na refinaria, visto que o atual plano de investimento prevê injetar R$2 bilhões até 2027 para aumento da eficiência energética das operações.
Os estudos da Petrobras para expandir a REGAP caminham de encontro a expectativas do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, que desde a campanha eleitoral tem cobrado que a estatal deixe de vender ativos e avalie novos investimentos em refinarias, para reduzir a dependência do país de importações de combustíveis.O Brasil importa cerca de 25% da oferta total de óleo diesel e 15% da de gasolina.
Os apelos de Lula têm sido ecoados ainda pelo ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira (PSD-MG). No final de setembro, Silveira defendeu que a Petrobras deveria recomprar as refinarias privatizadas pela gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro.Segundo ele, essas operações deveriam seguir regras de mercado.
Ontem, em evento em Minas Gerais, o presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, disse que construir novas refinarias é “coisa do passado”, de 20 ou 30 anos atrás, mas defendeu a ampliação de unidades.
“Hoje, com a modernidade e com a necessidade até da questão da transição energética batendo a porta, nós encontramos formas de construir refinarias dentro das nossas próprias refinarias. A Regap é mais um exemplo desse”, afirmou ele, durante o 1° Encontro de Óleo, Gás e Biocombustíveis, segundo citado pelo portal Poder360.
“É assim que as grandes empresas de petróleo, inclusive as ricas da Arábia estão fazendo. Ninguém está saindo para construir uma refinaria nova em lugar novo. Estamos aproveitando as mesmas locações, as mesmas máquinas, e fazendo aprimoramentos internos e construções novas nelas”, argumentou Prates.
Os possíveis novos investimentos da Petrobras em refino, no entanto, levantam alguma preocupação entre analistas de mercado e especialistas, após a estatal ter no passado direcionado bilhões de reais a projetos no setor que depois enfrentaram problemas com acusações de superfaturamento, atrasos e cancelamentos.
Projetos divulgados entre o final do governo Lula e início do governo Dilma para construir uma refinaria no Ceará e outra no Maranhão previam gerar 25 mil empregos diretos e indiretos, com um investimento de R$40 bilhões. Mas empresa desistiu das obras em janeiro de 2015, avaliando que a localização das refinarias não seria estratégica e que a obra demandaria muito dinheiro.
Segundo os cálculos do Tribunal de Contas da União (TCU), a estatal teve um prejuízo de R$3,8 bilhões e não gerou os empregos prometidos. A Petrobras também sofreu com grandes atrasos e revisões de orçamento na refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco.