Petrobras confirma expectativa de recuo nos resultados, afetada por menores margens em refino

Números da petroleira foram apresentados ao mercado nesta quinta (3)

Agência Brasil
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Por Luciano Costa e Erick Matheus Nery — atualizado às 22h

A Petrobras (PETR4) reportou hoje (3) lucro e resultado operacional do segundo trimestre ligeiramente abaixo das expectativas do mercado, em meio a uma menor produção, recuo nos preços do petróleo, valorização do real e também a retração das margens do segmento de refino e comercialização, responsável pela venda de combustíveis.

A maior petroleira da América Latina somou lucro líquido entre abril e junho de R$28,7 bilhões, ante R$29,24 bilhões do TC Consenso, calculado com projeções de bancos de investimento. O resultado representa queda de 25% frente ao primeiro trimestre e de 47% na comparação anual.

A companhia ainda anunciou a distribuição de dividendos de R$ 1,149304 por ação ordinária e preferencial. Esse pagamento será realizado em duas parcelas, nos dias 21 de novembro e 15 de dezembro deste ano.

O resultado operacional, medido pelo lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (EBITDA) ajustado, foi de R$56,69 bilhões, abaixo do TC Consenso, de R$61,65 bilhões, representando também um recuo de 22% ante o trimestre anterior e de 42% em relação ao mesmo período do ano passado.

A Petrobras disse que a redução do EBITDA foi influenciada “principalmente pela queda de mais de 40% dos ‘crack spreads’ internacionais do diesel”, em referência às margens praticadas no refino do combustível em relação aos preços internacionais do petróleo.

A receita líquida da estatal de óleo e gás atingiu R$113,8 bilhões, frustrando o TC Consenso de R$117,5 bilhões, e mostrando ainda recuo trimestral de 18% e anual de 33%.

A área de refino e comercialização reportou um EBITDA de R$7,9 bilhões no período, com queda de 36% na comparação trimestral e recuo de 66% ano a ano, impactada pelas menores margens do segmento, que recuaram para 8%, de 10% nos três meses anteriores e 15% no mesmo período de 2022.

“As menores margens no 2T23, principalmente as do diesel e do querosene de aviação, foram parcialmente compensadas pelo aumento nos volumes de venda no mercado interno de gasolina”, de diesel e maiores exportações de óleo combustível, afirmou a Petrobras no balanço.

Análises do balanço da Petrobras

Ao Faria Lima Journal (FLJ), o analista de ações da TC Matrix Arlindo Souza afirma que o lucro ficou abaixo das expectativas da casa. “A margem do segmento E&P [exploração e produção de petróleo e gás natural] segue como relógio, ficando em 58,5% 2T23 versus 59,4% 1T23”, detalha.

As margens operacionais estão em linha com o que esperávamos, mas o ponto é que foram geradas por volume, não por margem de contribuição por barril.

“O 3T32 virou algo binário: se a companhia fizer reajuste na magnitude que precisa ser feito, papel vai performar muito bem. Se segurarem muito mais, margens sofrerão bastante e o segmento de refino passará a consumir resultados do R&P e gás/energia”, complementa.