Natura (NTCO3) desaba 17,5% após resultado e divide analistas

Pressão sobre margem Ebitda preocupa mercado e analistas se dividem

Facebook/Natura
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Por: Bruno Andrade

As ações da Natura (NTCO3) desabaram 17,5% e fecharam o pregão, desta terça-feira (14), a R$ 12,22. A queda acontece um dia após a companhia divulgar o resultado do quarto trimestre de 2022. A companhia reportou prejuízo líquido de R$ 890 milhões entre outubro e dezembro do ano passado. A cifra foi uma reversão do lucro líquido de R$ 695 milhões do mesmo período de 2021.Com o resultado do quarto trimestre, a companhia fecha o ano de 2022 com um prejuízo de R$ 2,8 bilhões.

O resultado ficou muito abaixo das expectativas do Itaú BBA, que era de um lucro de R$ 198 milhões. Para os analistas da instituição financeira, o resultado veio mais fraco que o esperado por causa do baixo desempenho da Natura na América Latina, após forte pressão na margem Ebitda.

“O crescimento das despesas com vendas e outras pressões inflacionárias fizeram com que a margem Ebitda recuasse 3,2 pontos percentuais, para 8,9%. Muito abaixo do esperado, que era de 12,8%”, afirmaram Thiago Macruz e sua equipe, que assinam o relatório do Itaú BBA.

Outro fator determinante para o mau desempenho foi a desaceleração das vendas da Avon, tanto na América Latina com recuou de 11%, quanto em todo o globo com queda de 24%. A Natura comprou a Avon em 2020. “A cifra (das vendas da Avon) no mercado internacional ficou 10% abaixo das nossas expectativas”, explicaram Thiago Macruz e sua equipe, que assinam o relatório do Itaú BBA.

Para o especialista da Valor Investimentos Paulo Luives, um outro fator é que o mercado está decepcionado com o ativo, visto que as premissas era que a companhia traria ótimas rentabilidades ao longo de 2022. “A empresa mostra uma perda de rentabilidade após apresentar resultados ruins nos últimos trimestres”,

Analistas divergem sobre Natura

Uma parcela dos analistas enxerga alguma luz no final do túnel da empresa. Segundo Luives, outras linhas do negócio, principalmente a AESOP – outra linha de cosméticos da Natura- mostraram um melhor resultado (receita líquida subiu 4,6% com relação a 2021) . “Além disso, a questão da venda da AESOP, fator que vem sendo debatido no mercado, pode ajudar a aliviar o endividamento da Natura e melhorar a estrutura de capital”, afirmou.

Para os analistas do Itaú BBA, a ação da Natura ainda continua barata, mesmo após apresentar números ruins. “Os desinvestimentos de ativos podem trazer ventos positivos de curto prazo para o nome”, afirmaram.

Por isso, os analistas mantiveram a classificação do ativo como outperform, desempenho acima da média do mercado. O preço-alvo é de R$ 18, alta de 21,5% na comparação com o fechamento de segunda-feira (13).

Já os analistas do Santander têm uma visão mais cautelosa. Para Ruben Couto e sua equipe, além do ativo sofrer com os resultados ruins, o investidor deve temer outros problemas enfrentados pela empresa. “A concorrência mais acirrada nos principais mercados, como no Brasil, os problemas de integração e captura de sinergia da da Avon e a desaceleração macroeconômica global devem preocupar a empresa”, afirmaram Couto e sua equipe, que assinam o relatório.

Desse modo, o Santander possui recomendação neutra para Natura, com preço-alvo de R$ 12,20, o que apresenta uma queda de 17,6% na comparação com o fechamento de segunda-feira (13), muito próximo ao tombo que o ativo apresenta no pregão desta terça.

A equipe do BTG Pactual viu o resultado como abaixo do esperado e apontou desafios para a Natura nos próximos períodos, como a alta alavancagem em meio a um cenário de juros elevados, além de problemas na reformulação de suas operações Avon, na América Latina e exterior, e The Body Shop.

O banco de investimentos de André Esteves tem recomendação “neutra” para os papéis ordinários da Natura, com preço-alvo a R$18,00, mesma recomendação do Bradesco BBI, com preço-alvo a R$15,00.

Em teleconferência de resultados hoje, executivos da Natura disseram que a companhia espera um ano “desafiador”, no qual buscará focar em mercados onde tem vantagens competitivas.

“Saudamos os esforços para simplificar sua estrutura em meio ao cenário adverso, mas em termos de fundamentos, o curto prazo deve continuar desafiador, com margens pressionadas e uma receita mais fraca”, afirmou o BTG em relatório sobre a empresa.

* Com informações do TC Mover