Por: Ana Luiza Serrão
As ações de empresas de varejo operam em alta na B3 nesta quarta-feira, após dados que mostraram surpresa positiva no volume de vendas em março, e com analistas do BTG Pactual questionando se chegou a hora de apostar em alguns papéis do setor devido à forte queda recente das cotações.
O Índice de Volume de Vendas no Comércio Varejista do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostrou hoje variação de 3,2% em março ante mesmo período do ano anterior, enquanto o consenso de projeções apontava para recuo de 0,1%.
“Os números positivos das vendas do varejo no 1T23 mostraram certa resiliência da atividade econômica no período. O mercado de trabalho mais forte do que o esperado e o estímulo fiscal apoiaram os gastos das famílias”, escreveu a equipe do Itaú BBA em relatório hoje.
Por volta de 13h39, as ações ON de Lojas Renner e C&A lideravam em altas entre empresas de comércio varejista na B3, subindo 5,65%, a R$17,94, e 5,09%, a R$4,13, respectivamente. Os papéis ON da Via subiam 3,92%, a R$2,12, e Petz ON avançava 3,50%, a R$7,40.
Na véspera, o time do BTG Pactual disse que as perspectivas de que o Banco Central vá iniciar em breve um ciclo de corte de juros pode representar oportunidades de investimento no setor, principalmente em companhias como Lojas Renner, Magazine Luiza e Assaí.
Sinais negativos dados pelos fundamentos das varejistas levaram a relação preço/lucro de papéis do setor para 14,1 vezes, abaixo da média histórica, “levantando dúvidas sobre se já é hora de comprar algumas ações”, segundo os analistas do BTG.
O Itaú BBA, no entanto, destacou hoje que o resultado do varejo em março foi “misto”, com retração em combustíveis, lubrificantes, tecidos, vestuário, calçados, livros, jornais, revistas e outros bens de uso pessoal.
“A principal surpresa positiva veio de ‘hipermercados e supermercados’ e do novo setor de atacado especializado em alimentos, que cresceu 5,6% a/a”, escreveu o banco em relatório.
As ações do Pão de Açúcar subiam 1,49% por volta de 13h21, a R$17,03, enquanto Carrefour avançava 0,73%, a R$9,72. Os papéis do Assaí iam na contramão, recuando 0,36%, a R$11,11.
A tendência de curto prazo no varejo, no entanto, segue pessimista, segundo especialistas e documentos consultados pela Mover.
“Esperamos alguma desaceleração nas vendas no varejo nos próximos meses em meio aos efeitos defasados da política monetária”, apontou o Itaú BBA.
O especialista em reestruturação de empresas e sócio fundador da boutique de gestão Excellance, Max Mustrangi, avaliou que o setor deve seguir tendência de piora no curto prazo, em até um ano.
“O público consumidor está, cada vez mais, consumindo menos, com medo do desemprego, por falta de dinheiro, por inadimplência ou por redução da qualidade do mix e da margem de produtos”, afirmou.