Fiscal ainda é desafio para consolidar desinflação, diz Campos Neto

Para o presidente do BC, as novas regras evitam cenários mais extremos

Agência Brasil
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Por Simone Kafruni

O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse, nesta quarta-feira, que o Brasil ainda enfrenta desafios para consolidar o processo desinflacionário relacionados a questionamentos sobre mudança nas metas de inflação futura e incertezas na política econômica doméstica. “Especialmente no quadro fiscal”, afirmou, durante abertura da 1ª Conferência Anual do Banco Central.

“As expectativas para 2023 têm aumentado constantemente. As projeções para 2024 e 2025, que estavam estáveis, mostram desancoragem”, justificou o presidente do BC.

Segundo Campos Neto, decisões que elevem a confiança nas metas de inflação contribuem para processo de desinflação mais célere e menos custoso. “O novo arcabouço fiscal pode, eventualmente, ajudar nessa missão de ancorar as expectativas de inflação”, destacou.

Contudo, o presidente da autoridade monetária voltou a afirmar que não há relação mecânica entre política monetária e a apresentação do arcabouço fiscal, como insiste o governo. “Avaliamos que as novas regras evitam cenários mais extremos da trajetória de dívida pública, mas a convergência da inflação permanece condicionada a outras variáveis macroeconômicas como a reação das expectativas de inflação, projeções da dívida pública e preços de ativos”, explicou.

Campos Neto ainda ressaltou que o regime de metas tem sido bem sucedido no país, sobretudo porque é um arcabouço estável que contribui para ancoragem das expectativas. “E pelo fato de que não se altera em função da conjuntura econômica”, acrescentou, numa crítica velada aos questionamentos sobre o regime e nos rumores do governo sobre promover mudanças nas metas de inflação.