Por Reuters
A fintech brasileira Ebanx enxerga sua recém-anunciada entrada na Índia como uma oportunidade para expandir a outros países da Ásia, enquanto prepara o terreno para uma eventual oferta inicial de ações (IPO), disse a presidente de pagamentos globais da empresa, Paula Bellizia, à Reuters.
O Ebanx, fundado em 2012 em Curitiba, opera como intermediador de compras online para empresas nacionais e internacionais de modo a facilitar pagamentos transfronteiriços. Na prática, a companhia possibilita que seus clientes, como Spotify, Uber e Airbnb, possam vender produtos e serviços através dos meios de pagamentos mais usados em cada país.
A empresa, que já está presente em outros países da América Latina e também na África, anunciou nesta segunda-feira (18) sua estreia na Ásia, com a entrada na Índia.
“Vemos na Índia uma oportunidade de expandir para os mercados para onde a gente vende. A Índia e a Ásia”, disse Bellizia à Reuters em entrevista por vídeo após o anúncio.
Ainda que não estivesse na Ásia até o momento, a empresa tem clientes da região com atuação na América Latina ou África, como Shopee, da Sea, e AliExpress, do Alibaba.
“Vamos seguir avaliando muito fortemente qual é a demanda que temos a partir da Índia para outros países que a nossa plataforma já tem cobertura”, acrescentou.
Bellizia não nomeou quais são os mercados que a empresa estuda adentrar na Ásia, mas disse que as decisões de expansão são baseadas em critérios como a capilaridade da digitalização no local, as verticais do comércio global presentes — o foco está em segmentos de crescimento acelerado como e-commerce e “Software as a Service” — e na demanda de seus clientes.
Ela afirmou que a intenção do Ebanx é expandir a novos mercados asiáticos em menos de um ano.
O Ebanx, que tem as gestora Advent e FTV Capital como acionistas, informou no início do ano passado que estava adiando os planos para um IPO nos Estados Unidos, bem como uma captação privada — que não aconteceu — após ter atingido avaliação de 1 bilhão de dólares em 2019.
Desde o adiamento do IPO, a empresa encerrou uma empreitada em contas digitais aos consumidores, retornando o foco ao seu negócio principal, e demitiu ao menos 20% dos funcionários.
Questionada, Bellizia indicou que um IPO pode vir entre um a três anos, porém ressalvou: “Depende da Índia, e também da nossa expansão”.
Além de seus mais de 1 bilhão de pessoas, um mercado atrativo para qualquer segmento, a Índia chamou a atenção do Ebanx pela digitalização de sua economia, especialmente pelo UPI, segundo a executiva.
O UPI, lançado em 2016, é um sistema de pagamentos instantâneos em tempo real, que permite aos usuários transferir dinheiro entre vários bancos sem divulgar detalhes da conta bancária. O modelo guarda semelhanças com o brasileiro Pix, o que Bellizia acredita ser uma vantagem para o Ebanx no país asiático. “Essa experiência nos fortalece”, afirmou.
Citando outros exemplos, como a forte presença da modalidade de “dinheiro móvel” — que funciona via celular — nos países africanos, em especial no Quênia — um dos mercados da companhia — a executiva destacou um papel central das economias emergentes na inovação em meios de pagamentos.
“Em pagamentos, a inovação vem dos mercados em ascensão, porque a gente ainda tem uma oportunidade muito grande de inclusão financeira das pessoas, de prover acesso”, disse Bellizia, que já comandou operações de Microsoft e Apple no Brasil.