Por Erick Matheus Nery, com informações da Mover — atualizado às 20h20
O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) cortou a taxa básica de juros, a Selic, em 0,50 p.p. nesta quarta (2). Assim, a nova taxa Selic é de 13,25% a.a.. Essa é a primeira vez em três anos em que o colegiado aprova uma redução nos juros.
“Considerando os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis, o Copom decidiu reduzir a taxa básica de juros em 0,50 ponto percentual, para 13,25% a.a., e entende que essa decisão é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2024 e, em grau menor, o de 2025”, destacou o BC no comunicado divulgado à imprensa.
No comunicado, o Copom afirmou que prevê redução da mesma magnitude nas próximas reuniões. Votaram a favor do corte de 0,50 p.p. os seguintes integrantes: Roberto de Oliveira Campos Neto (presidente do Banco Central), Ailton de Aquino Santos, Carolina de Assis Barros, Gabriel Muricca Galípolo e Otávio Ribeiro Damaso. A favor do corte de 0,25 p.p. votaram os seguintes membros do colegiado: Diogo Abry Guillen, Fernanda Magalhães Rumenos Guardado, Maurício Costa de Moura e Renato Dias de Brito Gomes.
A expectativa dos 22 analistas ouvidos pelo TC Consenso era de uma redução de 25 pontos-base e que, no fim do ano, a Selic terminasse em 12%. Desde o início do seu terceiro mandato, o presidente Lula pressiona constantemente o BC para uma redução dos juros. Mais cedo, o petista disse que o comitê liderado por Roberto Campos Neto já poderia ter reduzido a taxa há três reuniões do Copom.
Haddad comemora queda de juros
Em entrevista à imprensa após a divulgação do comunicado, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que “sai mais otimista” do trabalho hoje com essa redução dos juros. “Isso vai ajudar muito nas expectativas, tenho completa segurança de que não estamos facilitando em nada o combate à inflação, temos compromisso com a responsabilidade fiscal. Se tornará mais fácil”, comentou.
“Temos grandes desafios pela frente e o próprio comunicado deixa claro isso, que vai manter um passo aguardando os desdobramentos do trabalho junto com o Congresso e Judiciário”, destacou Haddad.
Sobre a sinalização de possíveis cortes no mesmo patamar nas próximas reuniões, o ministro da Fazenda disse que “seria precipitado qualquer outra manifestação” com promessas de novas reduções.
Queda dos juros; veja as análises
Marianna Costa, economista-chefe do TC, afirmou ao Faria Lima Journal (FLJ) que há espaço para que a taxa Selic chegue próximo de 9,5% no segundo trimestre de 2024. “A comunicação do Copom ratifica a percepção dos agentes de mercado de que o ciclo de queda dos juros deve seguir pelos próximos meses, na magnitude adotada hoje e deve perdurar até meados do próximo ano”, detalhou a especialista.
Caio Megale, economista-chefe da XP, destacou que o corte foi adequado “e tem algo como três a quatro pontos percentuais para serem cortados que podem ser feitos e serem testados a cortes de 0,50. Seis, sete cortes de 0,50 que é um ritmo para o nível da Selic atual gradual”.
Rafael Cardoso, economista-chefe do banco Daycoval, ressaltou que as aprovações da Reforma Tributária e do Arcabouço Fiscal pavimentaram o caminho para o início do ciclo de corte. “Mas a votação mostra divisão em relação ao ritmo dos cortes”, detalhou.