Por Bruno Andrade
A inelegibilidade de Bolsonaro é certa para 2026 e ele deve ser apenas um cabo eleitoral, afirmou o cientista político e presidente do Instituto de Pesquisas Sociais, Políticas e Econômicas (IPESPE), Antônio Lavareda, ao Faria Lima Journal (FLJ) nesta sexta-feira (5).
“Eu trabalho com hipótese de que Bolsonaro não será candidato, visto que ele ficará inelegível após ser julgado pelos escândalos que vem passando”, disse Lavareda.
A fala aconteceu na semana em que Bolsonaro foi alvo de mandados de busca e apreensão da operação vitrine, que faz parte do inquérito das mídias digitais, a qual é comandada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes.
Bolsonaro é investigado por ter falsificado o seu próprio comprovante de vacinação contra a Covid-19 e o de sua filha. “Nunca me foi pedido cartão de vacina em lugar nenhum, não existe adulteração da minha parte”, afirmou Bolsonaro logo após a operação da Polícia Federal em sua residência.
De acordo com Lavareda, o episódio não acaba com o Bolsonarismo, visto que “a corrente de pensamento tem origens e causas profundas na sociedade”. “É um movimento ideológico apartidário, que hoje se abriga no PL, mas que no passado esteve no PSL”, detalhou.
Por outro lado, ele comenta que esse caso prejudica a imagem e o ex-presidente entre aqueles que não são fanáticos e votam no Bolsonaro como uma alternativa ao PT.
“As acusações de falsificação de documentos, fraudes e corrupção de menor deslustram a imagem de Bolsonaro, isso machuca a imagem dele em relação aos eleitores que não apaixonados por ele”, explica.
Ainda assim, ele acredita que Bolsonaro deve continuar sendo um influente cabo eleitoral. “Mesmo com esses problemas e a possível inelegibilidade, é muito provável que o candidato de direita apoiado por Bolsonaro chegue ao segundo turno em 2026”, disse.
Segundo o especialista, três governadores são potenciais candidatos às eleições presidenciais de 2026: Tarcísio de Freitas (Republicanos -SP), Romeu Zema (Novo-MG) e Ratinho Júnior (PSD-PR).
Lavareda comenta que esses três potenciais candidatos não devem “seguir à risca o radicalismo do Bolsonarismo”, mas tendem a flertar com essa corrente ideológica e ter o apoio de Bolsonaro para conseguir votos.
“Não vejo que eles vão abandonar o Bolsonarismo de vez, visto que o João Doria fez isso e acabou derretendo politicamente. Eles não serão tão radicais quanto o Bolsonaro, mas vão continuar com parte do discurso”, disse Lavareda.
Por fim, o especialista comenta que qualquer candidato que chegar ao segundo turno para enfrentar Lula pode ser difícil de superar.
“Qualquer candidato que chegar no segundo turno tem grandes chances de vencer a eleição, não existe candidato fácil ou difícil”, concluiu.