Por Gabriel Ponte
Os gestores globais consultados pelo Bank of America Securities assumiram a maior posição vendida em commodities desde maio de 2020, de acordo com pesquisa divulgada nesta quarta-feira (19). Os gestores também realizaram a maior migração de recursos para outros ativos desde 13 de maio, de acordo com o BofA, em um cenário de ausência de sólida recuperação de mercados compradores, como a China, a maior importadora de commodities do mundo.
Segundo a pesquisa do BofA, realizada entre 6 e 13 de julho, a maioria dos gestores consultados aposta no início de uma recessão moderada nos mercados globais entre o fim de 2023 e início de 2024. No levantamento, 48% dos entrevistados projetam uma recessão no fim do primeiro trimestre de 2024, ao passo que 25% já a preveem no quarto trimestre de 2023.
Ainda assim, questionados sobre os desdobramentos econômicos para os próximos 12 meses, a maioria dos gestores, ou 68%, acredita em um cenário de “soft landing”, isto é, quando o aperto de juros provoca uma retração econômica, mas não causa uma recessão. Os gestores também estão com o menor nível de pessimismo desde fevereiro de 2022 em relação aos lucros corporativos globais: embora a metade ainda projete uma piora dos lucros das empresas nos próximos doze meses, esse é o menor nível em quase 18 meses.
Em outra frente, os gestores entendem que as surpresas positivas advindas da inflação global já aconteceram, e as perspectivas futuras para os preços não mostram queda. Segundo a pesquisa, cresceu para 29% o número de gestores que preveem corte de juros pelo Federal Reserve apenas no segundo trimestre de 2024, ante 24% na pesquisa de junho.
Para a economia global, a maioria dos gestores, ou 45%, entende que uma manutenção de juros restritivos pelos bancos centrais é o principal fator de risco aos mercados, seguido por uma contração de crédito global e recessão, citada por 18% dos participantes.