Por – Bruno Andrade
A Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado aprovou, nesta terça-feira (14), um requerimento para convidar a diretoria da Americanas (AMER3) para explicar o rombo contábil de R$ 20 bilhões encontrado em janeiro de 2023. O convite foi proposto pelo senador Otto Alencar (PSD-BA). Segundo ele, o método contábil praticado pela Americanas levou o mercado financeiro a se perguntar se outras empresas também repetem essa prática.
“Na operação, a empresa compra mercadoria dos fornecedores e, antes da venda, ela quita essa dívida com um empréstimo do banco. Com isso, o fornecedor recebe e a companhia paga depois a instituição bancária com os juros. Isso é legal. O problema foi na hora de registrar essas dívidas. Em vez de registrar a dívida financeira, a Americanas registrava no balanço a dívida com o fornecedor, que não tinha juros”, explica o requerimento. A prática apontada pelo requerimento ficou conhecida como risco sacado.
Entre os convocados, estão o ex-CEO Sergio Rial, Miguel Gomes Pereira Sarmiento Gutierrez, o qual foi presidente da empresa por 20 anos, Anna Christina Ramos Saicali, José Timotheo de Barros, Marcio Cruz Merelles e Sidney Menezes Ferreira, presidente da Febraban. Foi incluído em outro requerimento o nome do presidente da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), João Pedro do Nascimento. A data prevista para o encontro é 28 de março.
Além de Americanas, Campos Neto também é convocado
A comissão também aprovou a convocação do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto. A convocação é para o presidente da autarquia explicar os motivos da taxa básica de juros da economia, a Selic, a 13,75% ao ano. O presidente da comissão, senador Vanderlan Cardoso (PSD-GO), fixou a data de 4 de abril para a audiência.
Para ele, quando a taxa Selic aumenta, o acesso ao dinheiro pela população, tanto por linhas de crédito, empréstimos ou financiamentos, fica reduzido. “Assim, o consumidor deixa de fazer gastos maiores para poupar no período de alta inflacionária. A longo prazo, essa estratégia tende a frear a inflação para que seja possível gerar uma oferta mais barata de acordo com a demanda reduzida”, afirma o senador. Para o parlamentar, o atual patamar da taxa básica de juros tem gerado muito debate na área econômica sobre a obrigação de o Banco Central reduzir o índice.
Outra exigência é a explicação sobre erro ocorrido contábil de US$ 14,5 bilhões. O pedido é de Alessandro Vieira (PSDB-SE). “Entendemos ser importante que o Presidente do Banco Central esclareça as circunstâncias que permitiram a ocorrência e a permanência desse erro. Por suas características, é bem possível que haja graves insuficiências nos controles internos da instituição, o que é especialmente preocupante dada a elevada importância do Banco Central na economia brasileira”, expõe Alessandro.
*Com informações da Agência Senado