Allied (ALLD3) aposta em operação internacional com produtos da Apple

O negócio internacional deve gerar receita bruta de R$ 600 milhões

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Por Artur Horta e Luciano Costa

A Allied (ALLD3), maior distribuidora de eletrônicos de consumo no Brasil, com presença em varejo tradicional, online e distribuição, está apostando no desempenho do e-commerce e na expansão e consolidação de sua operação internacional neste ano, em meio a um cenário ainda desafiador para lojas físicas, disse à Mover o diretor financeiro Gustavo Antunes.

A companhia, uma das poucas distribuidoras oficiais da Apple no Brasil, lançou uma operação em Miami, nos Estados Unidos, em meados do ano passado, com a intenção inicialmente de trabalhar com embarques de produtos da celebrada fabricante americana de eletrônicos para clientes em diversos países da América Latina.

O negócio internacional deve gerar receita bruta de R$ 600 milhões no primeiro ano, e o plano é expandir a operação, inclusive com a busca por novas parcerias e produtos a serem distribuídos por esse canal, disse Antunes, ao comentar que a companhia tem 160 clientes mapeados.

“Na história da companhia, fizemos movimentos de trazer marcas para o Brasil, ou ser representante. Fizemos isso com o Kindle, a GoPro. Temos uma série de oportunidades nisso, e ter uma presença nos EUA é um caminho para podermos ter uma pesquisa de campo melhor, analisar os produtos”, afirmou o diretor, em conversa por videoconferência com a Mover.

Embora a margem de contribuição das vendas no exterior seja mais baixa que no Brasil, essas operações envolvem principalmente pagamento à vista, contra prazos para recebimento de 45 a 90 dias no mercado doméstico.

“E é uma operação com giro de estoque muito rápido. Então, nas nossas contas aqui, mesmo com a margem mais baixa, o capital empregado mais baixo torna o negócio atraente”, explicou Antunes.

A ideia é que a operação nos EUA ajude a mitigar riscos da companhia, ao ampliar a atuação geográfica, além de contribuir com a prospecção de novos produtos para possível importação ao Brasil.

Nas operações de varejo, a Allied busca resistir ao momento difícil para o setor, em meio ao alto patamar dos juros e à restrição de crédito, em parte relacionada à crise da Americanas, que deixou investidores em crédito privado ressabiados e reduziu a oferta de recursos para empresas via mercado.

Ainda assim, a companhia está “esperançosa” em relação ao desempenho no e-commerce, com perspectivas positivas para negócios que incluem a venda de Iphones em parceria com o Itaú, pelo programa “Iphone para sempre”, e de videogames Xbox, também em associação mais recente com o banco e com a Microsoft, disse Antunes.

No varejo físico, o momento ainda é desafiador, mas a companhia prevê colher frutos de medidas de reestruturação adotadas no ano passado que incluíram renegociação de contratos e redução de pontos de venda e carteira de produtos.

“Esperamos que em 2023 a empresa esteja mais preparada para enfrentar esse cenário, estamos com a casa mais arrumada”, afirmou Antunes, ao projetar uma lucratividade no segmento melhor que nos últimos dois anos.

“Encerramos pontos de venda não viáveis ou que estavam no limite. Então entramos em 2023 com vendas por metro quadrado muito superiores aos últimos trimestres, e vendas por loja também, justamente porque as que sofriam mais nós encerramos”, afirmou.

Outras duas iniciativas da Allied que estão em estágio inicial e devem ganhar maturidade maior neste ano são a plataforma de serviços financeiros e o negócio de venda de telefones usados, segundo Antunes.

Esse segundo negócio, lançado no ano passado, ainda atende preocupações com questões ambientais, sociais e de governança, ESG, que estão cada vez mais no radar de empresas, destacou o diretor.