Por: Luciano Costa
O mercado internacional de diesel passa por um momento de desaceleração na demanda, o que começa a reduzir os preços do combustível fóssil no exterior e pode abrir espaço para que a Petrobras faça o mesmo no Brasil, segundo analistas ouvidos pela Mover e relatórios de bancos.
Um levantamento diário da Associação Brasileira de Importadores de Combustíveis (Abicom) mostra que o diesel é vendido no Brasil hoje com prêmio médio de 9% em relação aos valores do chamado Preço de Paridade de Importação, que a Petrobras diz seguir para determinar reajustes nas refinarias.
O sócio do Centro Brasileiro de Infraestrutura, Pedro Rodrigues, lembrou que a diferença de preço entre o diesel e o barril de petróleo Brent chegou a atingir níveis recorde no ano passado, em razão da guerra na Ucrânia e de riscos ao suprimento de gás europeu.
“Agora, com o verão na Europa, já existe um arrefecimento do mercado e a diminuição do preço. Os preços estão voltando para um cenário de mais normalidade”, disse Rodrigues à Mover.
O analista da Mundo Mercado Commodities, Alê Delara, disse que é normal uma redução dos valores do diesel nesta época do ano, devido à sazonalidade do consumo, mais forte no segundo semestre.
“Aquele problema que havia de escassez de diesel no ano passado agora é totalmente amenizado. A Petrobras teria sim espaço para reduzir um pouco o preço, se o valor do diesel ficar realmente mais baixo devido à demanda menor”, afirmou.
A equipe de analistas do Itaú BBA para o setor de óleo e gás, liderada por Monique Greco, destacou que os prêmios de refino de diesel caíram 9% apenas na última semana, após redução de 4% na semana anterior.
Os dados da Abicom chegaram a mostrar ágio de até 12% nos preços praticados para o diesel no Brasil ontem, “o que pode levar a Petrobras a implementar uma redução de preço se o cenário internacional persistir”, escreveu o BBA em nota a clientes.
O último reajuste de preços anunciado pela Petrobras foi uma redução de cerca de 4,5% nos valores do diesel nas refinarias, em 22 de março. Na gasolina, o último movimento foi um corte de 3,92%, em 28 de fevereiro.
O time do Bank of América que cobre o setor de energia, chefiado por Francisco Blanch, apontou redução significativa na demanda por diesel desde o fim de 2022, em contraste com outros combustíveis.
“Os estoques de gasolina seguem apertados, às vésperas da temporada de pico de demanda nos EUA. Também esperamos que a demanda global por combustível de aviação continue robusta”, apontou o BofA em relatório.
A consultoria hEDGEpont Global Markets afirmou em relatório que “o mercado da gasolina continua apertado, e o abastecimento só se normalizará quando as refinarias americanas encerrarem paradas e as greves na França terminarem”.